segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Metade de meio século!

Mais um ano se passou... incrível. Quando somos crianças colocamos a responsabilidade de tudo nos adultos, achamos que eles são superiores e devem transformar tudo que está errado em certo. Daí, nos tornamos adolescentes e continuamos achando que os adultos tem a obrigação de não errar nunca! Queremos crescer logo para finalmente saber de todas as coisas, para não sermos tão sentimentais, apaixonados, impulsivos e resolver todos os problemas.

Que grande bobagem! Não muda NADA! Os mesmo conflitos, o mesmo espírito! O mesmo rosto eu vejo no espelho, desde sempre! Esta sou Eu! Ainda com tantos medos. Carências. Estupidez. Um punhado de maturidade e sensatez... mas a mesma essência de sempre!

Evoluímos - ou não - mas não deixamos de ter dúvidas. Não sabemos as respostas para todas as coisas, apenas para as nossas experiências pessoais... podemos repetir ou não os mesmos erros, mas já conhecemos as consequências. Podemos agir como sempre agimos, mas sabemos extamente qual será nosso retorno.

Crescer é bom. Eu gosto. Quando penso em voltar para a infância me falta paciência de ter que estudar tudo de novo! E quando penso em ter 15 anos novamente, credo! Não teria um pingo de paciência comigo mesma, com meus pensamentos, angústias, futilidades, melancolia... Adolescente é um bicho estranho! Deus me livre! Gosto de mim agora e sei que vou gostar mais amanhã! Lembro de mim com carinho e não me lembro de nada que eu teria vergonha que alguém soubesse! Eu fui especial, desculpe a falta de modéstia... rsrsrs! Enfrentei o mundo, meti a cara, quebrei a cara, mas não seria nada do que sou sem ter passado pelos caminhos que escolhi! :D

Não gostaria de voltar e mudar meus erros. Quando penso no que sou, fico feliz de ter feito tudo que fiz. De ter chorado tudo que chorei e não ter guardado nada de ruim para botar para fora agora. Ficou tudo lá... e eu gosto de lembrar... fui intensa, feliz... triste nas horas tristes... Mas sempre passei por cada fase de forma intensa, aprendendo tudo que o mundo me ensinava... e hoje, repito, amo ser quem sou.

Uma jovem, que pouco sabe, mas está em constante aprendizado, com os ouvidos abertos para os ensinamentos do mundo. O coração disponível para as novas emoções.

Evoluir... sempre. Sem deixar de fazer o que quis. Agora, como diz meu tio Victor, não são mais vinte e poucos, parti para os vinte e tantos anos! rsrsrsrs! Feliz pelo que sou, pelo que tenho, por quem tenho! Que venham os outros anos e muito mais para agradecer! =)

Thayanne Magalhães

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

A banalização da violência

Começo esse texto em sinal de protesto. Perdi meu pai para a violência. Um assassinato sem explicação, sem justa causa, se é que existe algo que justifique tirar a vida de um ser humano, sem se preocupar com o sofrimento que irá causar a seus familiares, amigos. Quero destacar que sempre convivi e convivo com a violência do dia a dia, tantos jovens assassinados na periferia de Maceió, ou pela droga, ou pelo crime, mas, quando se trata de alguém próximo de nós, é uma dor inexplicável, uma revolta, um eterno questionamento: Por que meu Deus?

Diante de fatos como esse quem está de fora deve pensar apenas que foi só mais um caso. Mas, a violência está mais perto de nós do que imaginamos. É preciso se indignar, cobrar das autoridades mais segurança, começar educando as crianças, disponibilizando trabalho para os jovens. Como um Estado tão pequeno como o nosso pode ser um dos primeiros no ranque da violência no Brasil? As pessoas são assaltadas constantemente nas calçadas, nos ônibus, em casa. Onde temos segurança?

Matar tem se tornado algo tão comum. As pessoas não se controlam, não sabem mais como resolver seus desentendimentos. Elas matam por uma briga de trânsito, matam para roubar um celular, queimam pessoas vivas, torturam a troco de nada, matam diariamente por uma pedra de crack, matam por ciúmes, matam por nada. E a sociedade finge que não vê. “Não é comigo!”. É com você sim. Amanhã pode ser seu filho, seu pai, seu irmão. É preciso haver revolta, é preciso haver indignação. Precisamos nos incomodar antes que essa banalização não tenha mais jeito.

Eu sou mais uma vítima da violência. Eu e meus três irmãos estamos sem pai. Ele não morreu, mataram ele. Ainda não temos explicações ou culpados, mas não podemos dar-lhe vida novamente, e isso é uma dor sem cura. A sociedade nos rouba a essência. Vivemos amedrontados, sem espontaneidade, sem alegria. Perdemos a vontade de acreditar nas pessoas. Perdemos a esperança de um dia o mundo ser um lugar bom para nossos filhos e, quem não tem filhos, se preocupa em tê-los. Vale a pena mandar mais gente para esse campo de concentração?

Contudo, quero terminar dizendo que jamais perderei a minha fé. O mundo nos rouba tudo, menos a nossa crença. Finalizo com um texto publicado nesta madrugada por Paulo Coelho em sua coluna no G1:

Matthew Henry é um conhecido especialista em estudos bíblicos. Certa vez, quando voltava da Universidade onde leciona, foi assaltado. Naquela noite, ele escreveu a seguinte prece:

Quero agradecer em primeiro lugar, porque eu nunca fui assaltado antes.
Em segundo lugar, porque levaram a minha carteira, e deixaram a minha vida.
Em terceiro lugar, porque, mesmo que tenham levado tudo, não era muito.
Finalmente, quero agradecer porque eu fui aquele que foi roubado, e não aquele que roubou.


Thayanne Magalhães