segunda-feira, 16 de março de 2015

'Minha vida por outras quinhentas vidas'

No início da década de 80 um grupo de estudantes do curso de Oceanografia do Rio Grande do Sul se interessou em se aprofundar na pesquisa sobre o peixe-boi marinho e a desova de tartarugas marinhas no litoral do Brasil.
Naquela região não havia o registro de ocorrências do mamífero aquático e nem se viam tartarugas desovando naquelas praias. Imaginava-se então que aquelas espécies já não existiam mais em nossos mares.
Até que durante uma excursão pelo Nordeste aquele mesmo grupo de estudantes descobriu que o peixe-boi continuava vivo e que as tartarugas marinhas se reproduziam, dando continuidade à existência da sua espécie naquelas praias onde o verão prevalecia na maior parte do ano.
Animados com a descoberta, os jovens gaúchos passaram a pesquisar mais sobre o peixe-boi marinho, pois a espécie já não aparecia nas praias da Bahia desde os anos 60 e também desapareceu do litoral de Sergipe no ano de 1985, quando um último indivíduo foi caçado naquele estado.
“Nosso país é o único do mundo que registra a ocorrência de duas espécies de peixe-boi: o marinho e o da Amazônia. Quando descobrimos que esses animais ainda existiam entre o Nordeste e o Norte do Brasil, passamos a monitorar e a resgatar os filhotes que encalhavam”, conta a pioneira do projeto Peixe-Boi, Eunice Maria Oliveira, que fazia parte daquele grupo de estudantes que veio do Sul para “salvar” o peixe-boi marinho no Nordeste.
O grupo contabilizou a existência de apenas 500 indivíduos através de pesquisa de campo. Os jovens estudantes visitaram diversas praias, realizaram campanhas contra a matança do peixe-boi marinho, conversaram com os pescadores mais antigos e colheram informações importantes sobre a espécie com seus próprios caçadores, que sabiam sobre o comportamento do animal e assim, ajudavam a encontrá-lo na natureza.
Dali em diante se deu início ao trabalho de preservação do peixe-boi marinho. As comunidades ribeirinhas se tornaram aliadas depois de receber orientações sobre a importância da preservação do animal e também dos manguezais, ambiente onde várias espécies se reproduzem, inclusive o peixe-boi.
“Contratamos pessoas das comunidades para observar os animais e nos levar aos locais de ocorrências. Aprendemos a perceber qual a melhor maré para avistá-los, tudo ensinado pelos próprios pescadores”, conta Eunice.
Trinta e cinco anos depois, o jornal Tribuna Independente acompanhou a soltura de uma fêmea de peixe-boi marinho no dia 5 de março de 2015, na base do Centro de Mamíferos Aquáticos Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (CMA/ICMBio), localizadas em Porto de Pedras, no litoral norte de Alagoas.
É o 40º animal a ser solto em Alagoas e toda a história desde o resgate até o momento da soltura envolve a vida de muitas pessoas que deixaram sua cidade natal, sua família, o conforto da modernidade, para se dedicar à preservação desses 500 indivíduos ainda resistentes à interferência do homem, à poluição dos rios, ao desmatamento dos manguezais, aos grandes empreendimentos construídos em áreas de preservação e, principalmente, à ignorância dos que ainda têm a capacidade de tirar a vida de um indivíduo dócil por pura maldade.
Pioneira se emociona com dedicação de seus sucessores
Chegou a hora de Natália voltar para o seu habitat natural. A decisão da equipe formada por profissionais veterinários, biólogos, zootecnistas e tratadores foi tomada depois de terem cuidado do animal no recinto de Porto de Pedras durante 9 meses.
Homenageada durante a soltura, a pioneira no projeto Eunice Maria - que hoje é servidora da Unidade Avançada de Administração e Finanças (UAAF) do ICMBio, em Arembepe na Bahia - conta que desde os primeiros resgates, a equipe tentava devolver o filhote para a mãe.
“Desde os primeiros encalhes que a nossa prioridade sempre foi tentar devolver o filhote para a mãe, mas na maioria das vezes não conseguimos, então levamos para o cativeiro, para que o animal passe por uma reabilitação até estar pronto para ser solto na natureza”, explica.
Nice, como é chamada pelos colegas de trabalho, acompanhava a soltura do 40º animal reabilitado no recinto alagoano. Ela foi escolhida para ser a madrinha de Natália.
“Quando a gente começou o trabalho, ninguém ouvia falar no peixe-boi. Se nós não tivéssemos começado o projeto talvez hoje não existisse nenhum indivíduo desses na natureza. Estou muito feliz por estar participando desse momento”.
Emocionada ao ser homenageada durante a soltura de Natália, Eunice se disse realizada por ver que os novos profissionais cuidam do peixe-boi com a mesma dedicação da primeira equipe, a que iniciou o projeto e que ela fazia parte.
“É gratificante ver como a equipe trabalha com o mesmo amor que nós tínhamos no início. Como eles estão fazendo bem esse trabalho de conscientização e envolvendo a comunidade! Me admiro por ver como esses meninos hoje conhecem o peixe-boi mais do que eu”, relata Eunice.
NATÁLIA
Natália foi resgatada na Praia de Retiro Grande, na cidade de Icapuí, no Ceará ainda filhote. Era dia de Natal, 25 de dezembro de 2011. Daí o nome escolhido para batizar o animal.
A fêmea de peixe-boi foi levada do Ceará para o cativeiro localizado em Itamaracá, Pernambuco. Lá o animal foi alimentado com mamadeiras e recebeu tratamento veterinário. Então, quando atendeu aos critérios determinados pela equipe responsável pela saúde do bicho, foi levado para o recinto em Alagoas para que fosse iniciado o processo de reintrodução.
Aos três anos e 10 meses, medindo cerca de 2,5 metros e com peso estimado em 300 quilos, Natália ganhou a liberdade no dia 5 de março de 2015, depois do processo de readaptação ao seu ambiente natural e aprendendo a se alimentar sozinha. O alimento principal da sua dieta é o capim agulha, encontrado em rios e mares.
A equipe entende que o animal está pronto para ser solto quando está saudável, com um bom peso e tamanho.
Mas o trabalho dos profissionais envolvidos na preservação do animal não acaba com a soltura. Agora Natália está sendo monitorada - de forma mais intensiva nos próximos três meses - através de sinais de satélite enviados de um transmissor colocado em um cinto preso na sua cauda. As informações chegam até os profissionais do Projeto Peixe-Boi pela internet e esse acompanhamento deve durar por um ano, período onde o risco de encalhe ainda existe e o animal pode ainda encontrar dificuldades para se alimentar e encontrar água doce, podendo se desidratar.
Cada peixe-boi solto pelo Projeto também recebe um chip com um código de barras, podendo ser identificado mesmo depois que o transmissor parar de enviar mensagens por satélite.
O trabalho conta ainda com a participação da comunidade e principalmente dos pescadores, que avisam sobre avistamentos do animal e assim, a equipe que trabalha com a preservação da espécie consegue acompanhar o seu desenvolvimento na natureza.
‘É um projeto de vida e não um trabalho’
Iran Normande faz parte do Projeto Peixe-Boi desde o ano de 2006. O analista ambiental mudou de Maceió para Porto de Pedras no ano de 2010, quando passou a viver mais perto dos animais e a se dedicar ainda mais ao trabalho de conservação da espécie.
“Não foi nenhum sacrifício, afinal, eu moro em um lugar lindo. É um projeto de vida e não um trabalho. Nossa vida se converte a isso, a salvar o peixe-boi. Passamos muito tempo longe da família e acabamos construindo uma nova família aqui, um novo ciclo de amizades. Eu não me arrependo. Eventos como o da soltura de Natália fazem a decisão de mudar de vida valer a pena”.
A veterinária Fernanda Niemeyer Attademo é parceira do Projeto desde 2003. Ela conta que já viu mais de 50 peixes-boi serem resgatados e em torno de 30 serem devolvidos ao seu habitat natural depois de passar pela reabilitação em recinto.
“Quando eles são devolvidos à natureza eu sinto o mesmo que uma mãe sente ao ver seu filho se formar na universidade e conseguir seu primeiro emprego. É muito boa a sensação de ter contribuído para a conservação e o futuro da espécie”, descreve.
Fernanda conta ainda que deixou toda a família e os amigos de infância no Rio de Janeiro para se dedicar aos “gorduchos”, como ela costuma chamar os peixes-boi.
“As relações acabam ficando em segundo plano, pois como veterinária estou sempre priorizando a saúde dos bichos e isso faz com que alguns momentos pessoais sejam perdidos. Mas com certeza tudo isso vale a pena. Nada é mais gratificante do que ver os animais saudáveis e repovoando a natureza graças ao empenho da nossa equipe”.
A coordenadora do CMA, Fábia Luna, destaca a importância do Projeto para a sobrevivência da espécie.
“Se não houvesse a atuação do Projeto, muitos filhotes teriam morrido encalhados. Uma das atividades de maior importância é o resgate e a devolução desses animais ao seu habitat natural. Cada vez que um animal desses é devolvido à natureza, tenho a sensação de dever cumprido. Sinto uma grande satisfação em ver o animal seguir seu caminho, livre”.
Fábia está no projeto há 17 anos e já acompanhou o tratamento e a soltura de mais de 50 peixes-boi.
“Eu deixei minha cidade natal e meus amigos para abraçar o Projeto. A família a gente sempre leva com a gente, apesar de deixá-los saudosos por não estarmos presentes fisicamente em momentos importantes. Para mim a escolha valeu pena. Ver a espécie se recuperando e contribuir para a conservação dos gorduchos vale sim a pena”.
A importância da educação integrada ao Projeto Peixe-Boi
José Ulisses Santos era diretor de uma escola em Maceió e planejava fazer mestrado. Foi quando o então educador resolveu concorrer a uma vaga no concurso do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama).
“Quando passei no concurso para atuar como analista ambiental, eu pensava no retorno financeiro, que seria bom. Então meu objetivo de continuar atuando como professor mudou e em 2007 eu entrei para o Projeto Peixe-Boi. Eu era o único da equipe com formação na área de educação e tinha dúvidas sobre como seria a minha atuação”, conta.
Foi quando Ulisses viu nas comunidades carentes a chance de unir seu papel de educador ao trabalho de preservação do mamífero aquático.
“Eu iniciei um trabalho de conscientização nas comunidades carentes. Foi a forma que encontrei para contribuir com o projeto, com a preservação ambiental e descobri que trabalhar com isso vai muito além do trabalho do veterinário e do biólogo. É muito mais amplo do que se imagina. É preciso envolver as pessoas, manter um diálogo com a comunidade, com as lideranças políticas, porque o projeto impõe regras por sua visão mais técnica e isso pode incomodar”.
Ulisses sempre convida os estudantes de escolas públicas de Porto de Pedras para participar dos eventos relacionados ao Projeto Peixe-Boi. Na soltura de Natália, várias crianças puderam participar e acompanhar o trabalho da equipe que tratou e libertou a fêmea.
“É preciso envolver essas crianças para que haja um processo de sensibilização e de envolvimento delas e de toda a comunidade. Elas entendem desde cedo a importância da preservação da espécie, entendem que é um animal dócil e que precisamos da participação delas para ajudar a salvar a espécie”.
O analista conta que o Projeto Peixe-Boi conta com parcerias para realizar a capacitação de professores que passam a atuar também com educação ambiental dentro da sala de aula.
“Já foram capacitados 40 professores em Porto de Pedras e 30 em São Miguel dos Milagres. As crianças que moram na zona rural estudam de perto sobre a importância do manguezal e todo esse trabalho tem dado resultado. É um envolvimento muito grande”.
José Ulisses explica que existe uma diferença entre o trabalho com as crianças e o trabalho com os adultos.
“Trabalhar com as crianças é um trabalho a longo prazo. Elas vão crescer conscientes. Já o trabalho com os adultos tem que ser realizado por meio de trocas. Orientamos os pescadores sobre a importância de conservar os corais e que isso irá atrair mais turistas, trazendo renda para a comunidade. Também sobre a preservação dos mangues, berçário de muitas espécies como o caranguejo e o camarão, importantes fontes de renda dos moradores da região”, explica.
Antes do Projeto chegar à região existia um conflito muito grande entre os pescadores e o peixe-boi.
“Porque os animais acabavam destruindo o material de trabalho deles, rasgando as redes, e por isso aconteciam muitos registros de agressões contra o bicho. A solução encontrada pela equipe do projeto foi negociar com os pescadores. Quando um peixe-boi rasgar uma rede de pesca ou danificar qualquer material de trabalho, eles acionam a nossa equipe, que registra a ocorrência e realiza o ressarcimento do material danificado. Isso acontece hoje depois de muito trabalho de informação nas colônias de pescadores”.
Para Ulisses, o trabalho de diálogo tem dado resultado mas, mesmo com todo esforço da equipe do Projeto Peixe-Boi, ainda existem conflitos entre pescadores e o mamífero aquático em municípios onde o Projeto ainda não realiza um trabalho tão intensivo.
‘Animais estão seguros na natureza’
O analista ambiental José Ulisses lembra que nas primeiras solturas de peixes-boi em que esteve presente, se sentiu preocupado com o que os animais iriam encontrar estando em liberdade.
Ele imaginava que os bichos poderiam ser agredidos pelos pescadores ou se ferirem ao se aproximarem de embarcações motorizadas, por exemplo.
Mas depois dos anos em que aliou sua experiência de professor com o trabalho de conscientização da comunidade, ele diz que pôde contar com a ajuda das crianças, dos moradores, dos turistas e dos pescadores para preservar o peixe-boi na natureza.
“Antes eu ficava tenso, preocupado com os problemas que os peixes-boi iriam encontrar lá fora. A gente se apega ao bicho e acaba criando um vínculo. Eu ficava pensando no perigo que eles corriam de encontrar com pescadores desinformados, o contato direto com a comunidade, com os turistas, o perigo de se deparar com embarcações motorizadas, com a prática de esportes náuticos e todas essas atividades humanas que nos enchem de preocupação”, conta Ulisses.
“Mas hoje eu me sinto mais tranquilo e feliz por saber que eles estão livres e seguros. O nosso trabalho de orientação tem dado resultado e contamos com muitos parceiros e informantes, pessoas que protegem o animal e que nos deixam muito felizes por participarem conosco do trabalho de preservação da espécie”.
Pescadores: Do conflito ao trabalho de preservação
José Ismar Lima de Carvalho começou a pescar aos 12 anos de idade, lá em meados de 1999 e 2000. Ele conta que já chegou a agredir um peixe-boi depois que o animal estragou sua rede de pesca, mas que hoje entende a importância da espécie.
“Eu participei de várias palestras e então passei a entender a importância do peixe-boi na natureza. Hoje, se o Projeto precisar, eu trabalho como voluntário para ajudar a preservar o animal”.
O pescador é vice-presidente da Associação Peixe-Boi, formada por pescadores da região que hoje ganham a vida realizando passeios de jangada para mostrar o animal e falar da importância da sua preservação para os visitantes.
“Eu troquei a pesca pelo passeio de jangada em 2008. Cerca de 50 famílias ganham a vida com os passeios e com o artesanato feito geralmente pelas mulheres dos pescadores. Hoje eu vivo para passar para os turistas a importância da preservação do peixe-boi. Falo do comportamento dócil e do quanto é importante não se aproximar e nem alimentar o animal. Apenas observar e fotografar, caso contrário ele pode ficar dependente do homem e estar sempre se aproximando da orla, podendo encalhar. Além do mais, o bicho é inocente e pode acabar tentando se aproximar de pessoas ruins, que podem machucá-lo”.
Para José Ismar toda a comunidade de Tatuamunha – onde está localizado o recinto do Projeto Peixe-Boi em Porto de Pedras – está totalmente consciente em relação à preservação do animal.
“Os pescadores trabalham em conjunto com o Projeto. Eles avisam onde avistam os animais e entenderam que aquele território é do bicho e que não devem machucá-lo. Todos temos consciência de que a população de peixe-boi é pequena e que precisamos preservar o animal”.
REGRAS
José Ismar explica que existem regras estabelecidas pelo ICMBio e Ministérios Público Estadual e Federal em relação aos passeios realizados pela Associação Peixe-Boi.
“Desde o ano de 2008 que foram criadas regras para a prática dos passeios de jangada no Rio Tatuamunha, onde vivem alguns peixes-boi que foram reintroduzidos na natureza. Como haviam conflitos entre os pescadores que praticavam a atividade, os órgãos competentes definiram que 20 guias seriam capacitados para realizar os passeios, num rodízio de 10 em 10 por horário”, explica.
O pescador conta ainda que somente 70 pessoas podem realizar o passeio por dia entre as 10h e as 17h, pontualmente.
“Desde 2009 que começamos a construir nossa própria sede e hoje temos guias credenciados e seguindo todas as regras estabelecidas. Entre os profissionais que atuam na Associação estão os guias e os remadores. Os sócios pagam uma taxa de 35 reais por mês e são convidados a atuar com a produção de artesanatos como as pelúcias dos peixes-boi, sabonetes, camisas e bolsas. A Associação é a fonte de renda de muitas famílias”.
‘O Peixe-Boi trouxe prosperidade para a comunidade’
O guia turístico e artesão José Cláudio deixou a criação de porcos para se dedicar ao trabalho de conscientização voltado ao peixe-boi marinho.
“Eu moro em Porto de Pedras há 26 anos e desde que comecei a trabalhar como guia que levo as pessoas para conhecerem o Projeto Peixe-Boi. A maioria dos turistas que vêm para a cidade pergunta pelo bicho”, relata.
Para José Cláudio, o peixe-boi fez com que outros atrativos da cidade também ganhassem mais destaque.
“As pessoas que vêm para a cidade conhecer o animal também acabam levando com elas a história da cidade e visitam nossas praias, piscinas naturais e restaurantes. O Projeto tem ajudado muito na economia local”.
José Ismar, vice-presidente da Associação Peixe-Boi, lembra que antes da chegada do Projeto Peixe-Boi na região, a cidade de Porto de Pedras tinha como fonte de renda apenas a pesca, o coco e a cana-de-açúcar.
“Com a chegada do peixe-boi na região muitos empresários passaram a investir em pousadas, hotéis e passeios de jangada. Todo esse crescimento de Porto de Pedras e das cidades vizinhas vem do Projeto, desse processo de conscientização para a preservação da espécie, que atraiu mais turistas e pesquisadores. Agora somos conhecidos em todo o mundo como a cidade que tem a quinta praia mais bonita do Brasil, a Praia do Patacho. Talvez a cidade não fosse tão divulgada sem a chegada do Aldo, o primeiro peixe-boi a viver no cativeiro de Tatuamunha”.
Astro e Lua foram os primeiros animais reabilitados pelo Projeto Peixe-Boi em Alagoas
O Projeto Peixe-Boi Marinho em Alagoas reintroduziu os primeiros animais de volta à natureza em 12 de outubro de 1994. O “casal” Astro e Lua ganhou a liberdade nas águas do mar de Paripueira e começava ali a história de luta pela conservação de uma das espécies mais ameaçadas de extinção no Brasil. Durante os mais de 20 anos de existência em nosso estado, a equipe do Programa de Manejo – desenvolvido pelo Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Mamíferos Aquáticos (CMA), órgão ligado ao Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) – tem se engajado e alcançado grandes resultados com o trabalho de reabilitação, devolvendo os animais ao seu ambiente natural e recolonizando as áreas já ocupadas pela espécie no passado.
Texto: Thayanne Magalhães
Fotos: Sandro Lima