Lei n.º 5.250, e 09/02/1967, ou Lei de Imprensa.
Art. 71 (LEI DE IMPRENSA):
Nenhum jornalista ou radialista, ou, em geral, as pessoas referidas no art. 25, poderão ser compelidos ou coagidos a indicar o nome de seu informante ou a fonte de suas informações, não podendo seu silêncio, a respeito, sofrer qualquer sanção, direta ou indireta, nem qualquer espécie de penalidade.
Art. 5º, XIV (Constituição Federal/1988)
É assegurado a todos o acesso à informação e resguardado o sigilo da fonte, quando necessário ao exercício profissional.
Art. 220 (Constituição Federal)
A manifestação do pensamento, a criação, a expressão e a informação, sob qualquer forma, processo ou veículo não sofrerão qualquer restrição, observado o disposto nesta Constituição.
Art. 220 parágrafo 1º (Constituição Federal):
Nenhuma lei conterá dispositivo que possa constituir embaraço à plena liberdade de informação jornalística em qualquer veículo de comunicação social, observado o disposto nos art. 5º, IV, V, X, XIII e XIV.
"Tudo o quanto em oração pedirdes, crede que haveis de receber, e que as obterás". (São Marcos, 11:24)
quarta-feira, 17 de agosto de 2011
Chefe dos vigias de Capela é acusado de estupro
Esta blogueira esteve no município para apurar o caso e conversou com a mãe da vítima, que disse sofrer até deboches por parte da família do acusado, que dizem que o caso não dará em nada. “Eles dizem que os ricos da cidade são por ele, e que isso não vai dar em nada. Eu já denunciei no Conselho Tutelar, na delegacia e até no Fórum da cidade. Eu quero ver ele pagando pelo que ele fez”, contou a dona de casa.
Luciana contou como tudo aconteceu e afirmou que sua filha confiava no acusado, já que o chefe da vigilância da cidade deveria ser o responsável pela segurança dos cidadãos, e não uma ameaça. “Minha filha aceitou uma carona dele no dia que faltou energia na cidade, e ele acabou levando ela para uma creche e perguntou quanto ela queria pra ficar com ele. Ela se recusou e ele acabou estuprando ela. Ela só me contou depois de muitos dias, porque se sentia ameaçada por ele. Só depois que ela gravou uma ligação dele no celular, foi que ela teve coragem de me dizer, porque tinha provas”, afirmou.
Luciana se pergunta ainda o que teria acontecido se fosse alguém que mexesse com a filha do acusado, que deve ter aproximadamente 12 anos. "Não sei como um home casado, que tem filha, pode fazer isso. Queria ver se fosse com ele".
“A população nos cobra, nos perguntam o que aconteceu, no que deu o caso, mas passamos tudo para o promotor de Justiça da cidade. Na época a mãe da vítima acusou a polícia de ser conivente com o acusado, o caso foi levado ao promotor da cidade, que nem estava sabendo do assunto, a acabou cobrando mais da Polícia Civil. Hoje o delegado e o escrivão são outros, mas, mesmo assim não sabemos o resultado das investigações”, explicou a conselheira.
O presidente do Conselho Tutelar de Capela, Claudovan Freitas, confirmou o que Inês Borges disse, que eles fizeram seu papel, dando todo apoio à família e à vítima, mas que o resultado das investigações e punição do acusado é trabalho da Justiça.
No fórum da cidade não foi encontrado ninguém para comentar sobre o assunto.
O prefeito Adelminho Claheiros também não foi encontrado para falar sobre o assunto. É questionável o fato de se manter um homem acusado de estupro resposável pela segurança da cidade.
Esta blogueira irá acompanhar de perto este caso e continuará tentando falar com o prefeito da cidade e com o juiz responsável pelo julgamento do acusado, César Ramos.
quarta-feira, 10 de agosto de 2011
Capelenses denunciam nomeação de parentes do prefeito nos cargos de secretários municipais
Segundo informações da fonte, enquanto os parentes de Adelminho Calheiros ganham cargos importantes, jovens estão desempregados
Durante esta semana, esta blogueira vem recebendo denúncias de moradores do município de Capela, inconformados com a nomeação de novos secretários municipais da cidade. Com medo de sofrer represálias, nenhum deles quis se identificar.
As denúncias dão conta de que os cargos têm sido ocupados por parentes do atual prefeito da cidade, Aldelminho Calheiros (PPS), que assumiu há prefeitura a pouco mais de um mês. “É um absurdo. Uma cidade inteira ser administrada por uma única família, tirando a chance de quem tem experiência política e administrativa, que estão perdendo a oportunidade de fazer algo de bom pela cidade. Estão perdendo os cargos para pessoas inexperientes e posso até dizer, fúteis”, protestou a fonte, moradora da cidade.
Segundo a fonte, a esposa do prefeito assumiu a Secretaria de Finanças, o noivo de uma prima assumiu a Secretaria de Educação, uma prima assumiu a Secretaria de Assistência Social e um primo renunciou ao mandato de vereador para assumir a Secretaria de Infraestrutura.
“Essas são as que eu sei. Não sei se existem mais parentes em cargos da prefeitura. Mas, em um mês, já tem esse tanto de gente, imagine até acabar o mandato. Só vai ter parente do Adelminho administrando a cidade”, opinou a fonte.
Esta blogueira tentou entrar em contato com o prefeito de Capela, mas o celular estava desligado.
Sobre uma possível acusação de nepotismo, a Prefeitura de Capela não pode responder por este crime, tendo em vista que a Súmula Viculante do Supremo Tribunal Federal (STF) de número 13, afirma que não o nepotismo não alcança estes cargos.
Apesar de não ser ilegal, para a grande parte dos cidadãos da cidade, não parece ético. Porém enquanto não for constada nenhuma irregularidade na gestão dos secretários municipais, o Ministério Púbico do Estado (MP) não pode intervir nas nomeações. Contanto que não afronte os interesses públicos e as ações sociais, o prefeito pode escolher qualquer pessoa da sua família para comandar as secretarias municipais.
Esta é a lei brasileira.
“Enquanto os parentes do Adelminho ocupam os cargos da prefeitura, a maioria dos jovens capelenses vivem ociosos, sem oportunidade de trabalho. Ao invés dele se preocupar em dar o ganha pão só para a família dele, deveria investir mais nas oportunidades de trabalho para o tanto de gente desempregada que tem na cidade”, apelou a fonte que fez a denúncia a esta que vos escreve.
E ao término dessa matéria, fica a pergunta: o que é nepotismo então?
Thayanne Magalhães
Durante esta semana, esta blogueira vem recebendo denúncias de moradores do município de Capela, inconformados com a nomeação de novos secretários municipais da cidade. Com medo de sofrer represálias, nenhum deles quis se identificar.
As denúncias dão conta de que os cargos têm sido ocupados por parentes do atual prefeito da cidade, Aldelminho Calheiros (PPS), que assumiu há prefeitura a pouco mais de um mês. “É um absurdo. Uma cidade inteira ser administrada por uma única família, tirando a chance de quem tem experiência política e administrativa, que estão perdendo a oportunidade de fazer algo de bom pela cidade. Estão perdendo os cargos para pessoas inexperientes e posso até dizer, fúteis”, protestou a fonte, moradora da cidade.
Segundo a fonte, a esposa do prefeito assumiu a Secretaria de Finanças, o noivo de uma prima assumiu a Secretaria de Educação, uma prima assumiu a Secretaria de Assistência Social e um primo renunciou ao mandato de vereador para assumir a Secretaria de Infraestrutura.
“Essas são as que eu sei. Não sei se existem mais parentes em cargos da prefeitura. Mas, em um mês, já tem esse tanto de gente, imagine até acabar o mandato. Só vai ter parente do Adelminho administrando a cidade”, opinou a fonte.
Esta blogueira tentou entrar em contato com o prefeito de Capela, mas o celular estava desligado.
Sobre uma possível acusação de nepotismo, a Prefeitura de Capela não pode responder por este crime, tendo em vista que a Súmula Viculante do Supremo Tribunal Federal (STF) de número 13, afirma que não o nepotismo não alcança estes cargos.
Apesar de não ser ilegal, para a grande parte dos cidadãos da cidade, não parece ético. Porém enquanto não for constada nenhuma irregularidade na gestão dos secretários municipais, o Ministério Púbico do Estado (MP) não pode intervir nas nomeações. Contanto que não afronte os interesses públicos e as ações sociais, o prefeito pode escolher qualquer pessoa da sua família para comandar as secretarias municipais.
Esta é a lei brasileira.
“Enquanto os parentes do Adelminho ocupam os cargos da prefeitura, a maioria dos jovens capelenses vivem ociosos, sem oportunidade de trabalho. Ao invés dele se preocupar em dar o ganha pão só para a família dele, deveria investir mais nas oportunidades de trabalho para o tanto de gente desempregada que tem na cidade”, apelou a fonte que fez a denúncia a esta que vos escreve.
E ao término dessa matéria, fica a pergunta: o que é nepotismo então?
Thayanne Magalhães
quarta-feira, 3 de agosto de 2011
Em falta!
Queridos leitores, estou em falta com vocês! Os trabalhos jornalísticos factuais não me deixam tempo para reportagens frias. Mas prometo, em breve volto a atualizar bem mais frequentemente meu blog!
Obrigada pelos comentários e elogios!
Thayanne Magalhães
Obrigada pelos comentários e elogios!
Thayanne Magalhães
terça-feira, 26 de abril de 2011
Conheça Limoeiro, a vila mais antiga do Brasil

Andrade, disse que está lutando para que o Governo do Estado tombe a vila e proíba a destruição e modernização das casas centenárias. “Tem morador da vila que vende as casas por muito pouco, porque desconhecem o valor histórico que elas possuem. Todos os anos, duas ou três casas são destruídas e, se não tombar logo, a vila vai perder toda a sua característica”, afirmou preocupado.
A Igreja Matriz
Construída em 1703, a Igreja de Jesus, Maria e José, padroeiros da Vila Limoeiro, tem paredes com 70 cm de espessura. “Na época não existia cimento, os escravos carregavam as pedras e a construção foi erguida com barro grosso e cabaú, o mel retirado da cana-de-açúcar”, conta Chico.
Segundo o historiador, as imagens originais dos santos foram roubadas, mas a igreja ainda preserva a sua aparência de séculos atrás.
A passagem do Imperador
Chico Marceneiro conta em detalhes como foi a passagem do Imperador Dom Pedro II pelo Rio São Francisco, às margens da Vila Limoeiro. “Há 150 anos o imperador passou por aqui em seu navio Pirajá. Dom Pedro usava um relógio de bolso, com algarismos romanos, fabricado em Genebra, na Suíça, em 1844. A marca era Estrada de Ferro.
Segundo Chico, o comandante do navio de Dom Pedro era o Almirante Tamandaré, Joaquim Marques Lisboa, patrono da Marinha Brasileira. “Eles passaram aqui pela vila e seguiram para Pão de Açúcar, que já era emancipada há cerca de cinco anos. Lá o imperador pernoitou e no dia seguinte teria seguido para Piranhas”.
Durante a reportagem, a equipe do Primeira Edição encontrou na Vila Limoeiro alguns moradores mais antigos, com histórias no mínimo, curiosas. Dona Maria Bezerra Lima, de 92 anos, disse que dançou em um baile com Lampião, famoso cangaceiro do Sertão nordestino. “Ele chegou na festa com o bando dele e me chamou para dançar. Isso aconteceu em 1936, na época eu já estava noiva e meu noivo quase rompeu comigo. Mas, Lampião era temido e as moças tinham que dançar com ele até amanhecer o dia”, lembra a senhora.
Dona Maria Bezerra é uma das mais antigas moradoras da Vila e ainda muito lúcida, também se preocupa em preservar o patrimônio histórico. “As pessoas precisam parar de derrubar as casas antigas para fazer casas novas. A Vila precisa ser preservada para que outras gerações também possam conhecer a história e ver como eram as casas de antigamente”, indagou.
Em Limoeiro, a equipe de reportagem do Primeira Edição também encontrou Ana Dayse Souza Ramos, de 53 anos. Ela é filha do policial Anisete Rodrigues da Silva, que era o comandante da volante que matou Lampião no dia 28 de junho de 1938. A mulher não chegou a conhecer seu pai, que foi assassinado quando ela ainda era um bebê.
“Depois do assassinato de Lampião e seu bando, Anisete ‘virou’ delegado de Pão de Açúcar, e foi quando eu o conheci e nós namoramos. Desse namoro nasceu nossa filha. Mas, na época ele enfrentou o coronel da cidade, Elísio Maia, e acabou sendo metralhado em uma emboscada. Infelizmente minha filha não pode conhecer o pai”, contou Georgina Souza, de 75 anos.
A filha do policial militar decidiu ir conhecer seus irmãos, os dois filhos que Anisete tinha com a esposa legítima, e descobriu que a família vivia bem. “Tenho certeza de que se meu pai fosse vivo, eu teria tido uma vida melhor. Minha mãe me criou com muita simplicidade e não soube exigir meus direitos, mas Deus sabe o que faz”, disse Dayse.
E assim, tendo ido conhecer e falar sobre a vila mais antiga do país, encontramos personagens que vivenciaram momentos marcantes da história do Brasil. É a História viva, podendo ser contada por quem estava presente ou ouviu de seus antepassados o que se passou há dezenas de anos atrás.
Thayanne Magalhães (fotos e texto)
sexta-feira, 1 de abril de 2011
400 anos: conheça um pouco da história de Pão de Açúcar

Segundo o secretário da Cultura, Turismo e Comunicação de Pão de Açúcar, Hélio Fialho, os Urumaris batizaram o lugar com o nome de Jaciobá, primeiro nome dado à cidade, que significa “Espelho da Lua” em guarani. “Conta a história que nas noites de luar as águas do rio São Francisco ficavam com um reflexo que fazia surgir um fio de cristal e os índios achavam o reflexo parecido com um espelho”, contou Hélio em entrevista ao Primeira Edição.

Com a prosperidade da fazenda do português, Pão de Açúcar tornou-se vila e, no ano de 1877 foi elevada à categoria de cidade.

O Cristo mede 14,80 cm de altura com o pedestal, sendo a imagem de 10m. Do alto do Cristo pode-se ver toda a cidade e o São Francisco, além das diversas praias e a comunidade de Niterói, localizada na outra margem do rio, em Sergipe.
A população de Pão de Açúcar é formada pela mistura de índios e brancos, que viveram por muitos anos basicamente da pesca e da agricultura.
A visita do imperador Dom Pedro II
Um fato histórico destaque na cidade é a visita do imperados Dom Pedro II que pernoitou em Pão de Açúcar nos dias 17 e 22 de outubro do ano de 1859. Em seu diário de viagem, guardado no Museu Imperial, Dom Pedro conta sobre sua passagem e tece elogios à vila. “A vista do Pão de Açúcar é bonita”.
O imperador descreve como foi a sua chegada à Pão de Açúcar e relembra detalhes da recepção. “Cheguei por volta das 8 ao Pão de Açúcar. Receberam-me com muito entusiasmo e um anjinho entregou-me a chave da vila. Defronte desta povoação há uma grande coroa de areia, que me cansou atravessar e com a luz dos foguetes, que não têm me faltado por todo o rio”.

O sobrado onde se hospedou o imperador Dom Pedro II será reformada, segundo afirmou o secretário Hélio Fialho, e será transformada em museu. “A atual gestão tem a preocupação de preservar a cultura e a história do município. Vamos reformar o sobrado e Pão de Açúcar terá mais um atrativo turístico, que contará um pouco da história do nosso país”.
Texto e fotos: Thayanne Magalhães
segunda-feira, 21 de março de 2011
Obrigada por me deixar viver, senhor ladrão!
"Obrigada por me deixar viver". Era só isso que eu gostaria de dizer à dupla de assaltantes que me aterrorizou nesta ultima sexta-feira 18. Até acontecer com a gente, os registros de assaltos, assassinatos, são apenas mais um noticiado pela imprensa, mas só até acontecer com a gente. Como jornalista, sempre procurei fazer minha parte, apelando em meus textos por mais segurança nesse nosso pequeno estado, que tem como titulo, o de mais violento do país.
É muito raro encontrar alguém em Maceió que nunca tenha sido vitima da violência, ou que não conheça alguém que já tenha sido assaltado, violentado, desrespeitado por algum marginal, bandido, criminoso, que por falta de oportunidade (essa desculpa é ótima para os vagabundos) ou pelo sangue frio, ou pelo fato de que roubar e matar tem sido algo cada vez mais banal, entram nesse mundo e tiram a paz das pessoas que lutam por uma vida melhor.
No meu caso, resumindo minhas lembranças relacionadas às violências que sofri, aí vai: quando tinha entre 8 e 10 anos, estava feliz com minha bicicleta nova, que ganhei de Natal. Estava pedalando de casa até a esquina, quando um ladrão me apontou uma arma e levou meu brinquedo, em um ponto de ônibus. Só pude chorar e passar semanas sentindo falta da minha tão esperada bicicleta.
Quando estagiava em um órgão publico no Centro da cidade, em 2008, eu acho, esperava para passar a rua e subir a ladeira da Catedral até a faculdade, quando uma dupla passou por mim e, um deles, andando feito um macaco balançando os braços, puxou minha corrente do pescoço e saiu andando na maior moral. Novamente chorei com o susto em seguida me veio o ódio pela ousadia e falta de respeito.
Até então eu criticava meus colegas nas redações onde passei, que comemoravam quando um ladrão era espancado ou morto. Eu acreditava que esse tipo de gente merecia uma segunda chance. Mas, depois de sentir na pele a frieza e cara de pau dessas criaturas, passei a não me importar mais com o que acontece com eles. Eu rezo, sou cristã e rezo, mas piedade, isso eu deixei de sentir.
Dentro do ser humano existem sentimentos que se provocados, podem fazer grandes estragos e eu não culpo um pai de família, um trabalhador que reage com fúria contra um ladrão.
E todo esse ponto de vista eu passei a ter por conta dessa experiência que não foi absolutamente nada diante do que me viria.
No mesmo ano, se não me engano, chegava em casa, quando morava no bairro da Gruta, por volta das 20 horas e um jovem, de calça jeans, tênis e mochila, aparentando ser um trabalhador, parou sua bicicleta na minha frente e pediu meu celular, relógio e dinheiro. Se eu falasse algo, ele me matava com a suposta arma que estava na mochila. “Que vida mais sem valor essa minha”, eu pensei.
Nessa ocasião eu fui fria, cheguei a pedir meu chip e desejei boa sorte para o criminoso. “Para você também”, respondeu o simpático ladrão. “Pois é, se eu tiver sorte não encontro mais com um da sua laia na minha frente”, eu quis dizer, mas poderia morrer pela ironia.
Em 2009, a maior sensação de injustiça, a dor inexplicável que só quem perde alguém para o crime pode sentir. Meu pai foi assassinado, cerca de um mês antes do meu aniversario. Sim, ele foi assassinado, sabe se lá porquê. Dizem que foi dívida de jogo ou assalto. Não sei até hoje o motivo pelo qual perdi meu pai. O crime aconteceu em Arapiraca onde ele morava com a segunda esposa e meu irmão e, apesar de não sermos grudados como na infância, ele continuava sendo meu pai. Ele não morreu, não. Mataram ele e a diferença entre morrer e ser morto é gigante. Não há explicação que conforme o coração de quem perdeu alguém dessa forma.
O que fica e uma sensação de injustiça, um eterno questionamento. “Por que temos que passar por isso? O que eu poderia ter feito para evitar? O que leva uma pessoa a tirar a vida de outra sem pensar no mal que fará aos seus familiares, filhos, mãe? Essas pessoas que cometem esses crimes têm mãe? Tem sentimento? Ou são meros seres humanos secos de qualquer tipo de remorso?”
No ano passado resolvi deixar de lado meu preconceito e fui curtir as festas juninas no Jaraguá (é que prefiro rock). Tinha polícia na entrada e dentro do evento, “que bom”, eu pensei. Mas, depois de me divertir com o meu então namorado e minha amiga, fomos andando junto com uma multidão até o Sesc Poço para pegar um ônibus e economizar. Antes tivesse gasto com táxi.
E lá no ponto, cheio de pessoas e sem nenhum policiamento (acho que todos estavam cuidando da festa da prefeitura em parceria com o governo), um grupo de maloqueiros nos rodeou e começou a violência. Arrancaram a minha bolsa de mão com o celular da minha amiga, deram um murro no meu namorado sem que ele tivesse reagido a nada e levaram o celular do bolso dele. Só não conseguiram levar o relógio porque tinha uma trava na fechadura e os imbecis não sabiam abrir.
Eu cheguei a reagir e empurrar um deles, o mesmo que agrediu meu namorado. Também fiquei dando umas tapas no “noiero” nojento que tentava roubar o relógio dele. “Ah não! O relógio não! Fui eu quem dei”. Pois é, perigosa minha atitude, mas foi instintiva, sem pensar.
Uma viatura veio uns dez minutos depois, mostramos por onde o bando, também formado por mulheres de shorts bem curto e barriga de fora (mesmo as gordas de barriga de fora), tinha corrido, mas era uma rua escura e os policiais, ou não entenderam, ou não quiseram arriscar entrar naquele lugar, e passaram direto. Não encontraram nenhum suspeito.
De novo a sensação horrível de se sentir injustiçado, de ver as suas coisas, que você comprou com seu trabalho, serem levadas por vagabundos sem medo, sem receio, pela certeza da impunidade. Estão acostumados com essa vida e sabem que dificilmente serão punidos. Não é a toa que tem tanta gente nesse “ramo” em Maceió e em todo o Estado.
E, finalmente chegando na sexta passada, depois de um dia de trabalho aqui na redação, saí um pouco mais tarde do meu horário e fui andando pelo caminho de sempre. Na minha frente, avistei uma moto com duas criaturas se aproximando e já imaginava o que me viria. Não pensei em nada, apenas assisti a cena como se soubesse exatamente o que iria acontecer.
Mas, quando eles pararam e um deles botou o pé no chão e exigiu minha bolsa, eu simplesmente corri como eu não imaginava que pudesse correr. Muito rápido. Deve ser o tal instinto de sobrevivência. Mas, ao ouvir um deles dizer “atira nela! Atira nela”, eu perdi os sentidos, perdi as forças nas pernas e caí no chão. Estava correndo tão rápido que a queda foi com impulso enorme e saí ralando cotovelo, barriga, joelhos na calçada... me machuquei toda e por alguns segundos esperei os tiros ali, caída, sem defesa, com minha bolsa que tinha apenas 20 reais, meus documentos, blocos de papel e canetas.
O tiro não veio (Graças a Deus! Graças a Deus)! e eu consegui levantar e correr até dobrar a esquina onde tinham pessoas. Entrei numa padaria para me acalmar e liguei para meus colegas de trabalho e amigos. Fui amparada e me deixaram em casa. Antes de ir para casa, uma viatura veio até o jornal e eu registrei um Boletim de Ocorrência (BO), mas, para quê mesmo?
Quantas duplas de motoqueiros estão a solta em Maceió roubando em casa esquina? Eu fui apenas mais uma vítima a reclamar aos policiais militares que escutam casos idênticos ao meu diariamente.
Será que por eu reclamar e está publicando tudo isso, haverá alguma melhoria na segurança pública? Terão mais viaturas circulando na cidade? Vai diminuir o número de assaltos, assassinatos, tráfico? Acho que não. Nossa Alagoas parece está cada vez mais distante de ser um bom lugar para se viver e eu as vezes penso se não seria mais seguro abandonar tudo e tentar recomeçar a vida em outro lugar.
Isso mesmo, já chego ao ponto de pensar em deixar minha terra natal por medo. Estou viva hoje por um milagre. Quantas outras chances eu terei se continuar aqui?
Passei o fim de semana com muita febre, angustiada e amedrontada. Eu que já montei os cavalos mais bravos desde criança, eu que já briguei na porrada com homem, eu que decidi morar sozinha e meter a cara na vida, me virar acreditando que tudo vai dar certo. Eu mesma. Passei o fim de semana pensando nas coisas que eu queria ter feito e deixei de fazer, nas pessoas que eu me afastei por mágoa mas ainda as amo, nos lugares que ainda quero conhecer, nos “eu te amo” que eu preciso dizer.
E um filme me passou pela cabeça. O filme da minha vida. E diante de uma experiência dessas, você começa a repensar suas prioridades e eu, sem dúvidas, não acho que rotina seja uma coisa bacana. Não acredito de jeito nenhum que uma pessoa tenha que viver a vida correndo atrás de grana, passando por cima de qualquer um para subir na vida. Não!
A cada dia que passa eu vejo a vida com mais simplicidade. A cada dia que passa eu admiro mais o que Jesus veio nos passar. Simplesmente amar e não fazer aos outros o que não quer que seja feito conosco. Assim, simplesmente assim, o mundo funcionaria na maior paz e harmonia.
Mas não aprendemos absolutamente nada. O ser humano é o único animal que tem que se proteger da sua própria espécie. É o único que mata por maldade, por ignorância, crueldade, sangue frio.
E todo esse texto é apenas o desabafo de uma jovem jornalista, cansada dessa realidade absurda, cansada de registrar diariamente, DIARIAMENTE, a morte de tantos jovens, tantas e tantas vitimas de assaltos e tanta, mas tanta falta de segurança nesse lugar pequeno e tão mal governado.
Não é só a violência que me incomoda não. Se eu tivesse levado um tiro pelas costas, quanto tempo demoraria para eu ser socorrida? E qual hospital público me atenderia rapidamente? Minha vida estaria salva com a saúde pública que temos? Eu não acredito nessa hipótese. Acho que eu, se não morresse na hora do crime, agonizaria muito antes de ser atendida por algum médico mal humorado, insatisfeito com seu salário e acostumado a ver tanta gente morrer todos os dias na frente dele. Eu seria apenas mais uma.
E toda essa bola de neve de “esculhambação” começa no que seria o básico para qualquer sociedade com o mínimo de civilidade: começa na educação. E qual a qualidade das nossas escolas públicas? Nem é preciso comentar.
E quero finalizar esse artigo, texto, desabafo, não reclamando. Já faço isso diariamente, reclamando por mim ou transcrevendo o que as pessoas (a grande maioria delas) dizem. Quero terminar agradecendo por estar viva. Passei o fim de semana adoentada, de cama, com o cotovelo, barriga e joelho machucados da queda, mas fui bem cuidada. Só tenho que agradecer por ser tão abençoada e por ter de novo a chance de fazer e dizer o que tenho vontade. Obrigada!
Thayanne Magalhães
É muito raro encontrar alguém em Maceió que nunca tenha sido vitima da violência, ou que não conheça alguém que já tenha sido assaltado, violentado, desrespeitado por algum marginal, bandido, criminoso, que por falta de oportunidade (essa desculpa é ótima para os vagabundos) ou pelo sangue frio, ou pelo fato de que roubar e matar tem sido algo cada vez mais banal, entram nesse mundo e tiram a paz das pessoas que lutam por uma vida melhor.
No meu caso, resumindo minhas lembranças relacionadas às violências que sofri, aí vai: quando tinha entre 8 e 10 anos, estava feliz com minha bicicleta nova, que ganhei de Natal. Estava pedalando de casa até a esquina, quando um ladrão me apontou uma arma e levou meu brinquedo, em um ponto de ônibus. Só pude chorar e passar semanas sentindo falta da minha tão esperada bicicleta.
Quando estagiava em um órgão publico no Centro da cidade, em 2008, eu acho, esperava para passar a rua e subir a ladeira da Catedral até a faculdade, quando uma dupla passou por mim e, um deles, andando feito um macaco balançando os braços, puxou minha corrente do pescoço e saiu andando na maior moral. Novamente chorei com o susto em seguida me veio o ódio pela ousadia e falta de respeito.
Até então eu criticava meus colegas nas redações onde passei, que comemoravam quando um ladrão era espancado ou morto. Eu acreditava que esse tipo de gente merecia uma segunda chance. Mas, depois de sentir na pele a frieza e cara de pau dessas criaturas, passei a não me importar mais com o que acontece com eles. Eu rezo, sou cristã e rezo, mas piedade, isso eu deixei de sentir.
Dentro do ser humano existem sentimentos que se provocados, podem fazer grandes estragos e eu não culpo um pai de família, um trabalhador que reage com fúria contra um ladrão.
E todo esse ponto de vista eu passei a ter por conta dessa experiência que não foi absolutamente nada diante do que me viria.
No mesmo ano, se não me engano, chegava em casa, quando morava no bairro da Gruta, por volta das 20 horas e um jovem, de calça jeans, tênis e mochila, aparentando ser um trabalhador, parou sua bicicleta na minha frente e pediu meu celular, relógio e dinheiro. Se eu falasse algo, ele me matava com a suposta arma que estava na mochila. “Que vida mais sem valor essa minha”, eu pensei.
Nessa ocasião eu fui fria, cheguei a pedir meu chip e desejei boa sorte para o criminoso. “Para você também”, respondeu o simpático ladrão. “Pois é, se eu tiver sorte não encontro mais com um da sua laia na minha frente”, eu quis dizer, mas poderia morrer pela ironia.
Em 2009, a maior sensação de injustiça, a dor inexplicável que só quem perde alguém para o crime pode sentir. Meu pai foi assassinado, cerca de um mês antes do meu aniversario. Sim, ele foi assassinado, sabe se lá porquê. Dizem que foi dívida de jogo ou assalto. Não sei até hoje o motivo pelo qual perdi meu pai. O crime aconteceu em Arapiraca onde ele morava com a segunda esposa e meu irmão e, apesar de não sermos grudados como na infância, ele continuava sendo meu pai. Ele não morreu, não. Mataram ele e a diferença entre morrer e ser morto é gigante. Não há explicação que conforme o coração de quem perdeu alguém dessa forma.
O que fica e uma sensação de injustiça, um eterno questionamento. “Por que temos que passar por isso? O que eu poderia ter feito para evitar? O que leva uma pessoa a tirar a vida de outra sem pensar no mal que fará aos seus familiares, filhos, mãe? Essas pessoas que cometem esses crimes têm mãe? Tem sentimento? Ou são meros seres humanos secos de qualquer tipo de remorso?”
No ano passado resolvi deixar de lado meu preconceito e fui curtir as festas juninas no Jaraguá (é que prefiro rock). Tinha polícia na entrada e dentro do evento, “que bom”, eu pensei. Mas, depois de me divertir com o meu então namorado e minha amiga, fomos andando junto com uma multidão até o Sesc Poço para pegar um ônibus e economizar. Antes tivesse gasto com táxi.
E lá no ponto, cheio de pessoas e sem nenhum policiamento (acho que todos estavam cuidando da festa da prefeitura em parceria com o governo), um grupo de maloqueiros nos rodeou e começou a violência. Arrancaram a minha bolsa de mão com o celular da minha amiga, deram um murro no meu namorado sem que ele tivesse reagido a nada e levaram o celular do bolso dele. Só não conseguiram levar o relógio porque tinha uma trava na fechadura e os imbecis não sabiam abrir.
Eu cheguei a reagir e empurrar um deles, o mesmo que agrediu meu namorado. Também fiquei dando umas tapas no “noiero” nojento que tentava roubar o relógio dele. “Ah não! O relógio não! Fui eu quem dei”. Pois é, perigosa minha atitude, mas foi instintiva, sem pensar.
Uma viatura veio uns dez minutos depois, mostramos por onde o bando, também formado por mulheres de shorts bem curto e barriga de fora (mesmo as gordas de barriga de fora), tinha corrido, mas era uma rua escura e os policiais, ou não entenderam, ou não quiseram arriscar entrar naquele lugar, e passaram direto. Não encontraram nenhum suspeito.
De novo a sensação horrível de se sentir injustiçado, de ver as suas coisas, que você comprou com seu trabalho, serem levadas por vagabundos sem medo, sem receio, pela certeza da impunidade. Estão acostumados com essa vida e sabem que dificilmente serão punidos. Não é a toa que tem tanta gente nesse “ramo” em Maceió e em todo o Estado.
E, finalmente chegando na sexta passada, depois de um dia de trabalho aqui na redação, saí um pouco mais tarde do meu horário e fui andando pelo caminho de sempre. Na minha frente, avistei uma moto com duas criaturas se aproximando e já imaginava o que me viria. Não pensei em nada, apenas assisti a cena como se soubesse exatamente o que iria acontecer.
Mas, quando eles pararam e um deles botou o pé no chão e exigiu minha bolsa, eu simplesmente corri como eu não imaginava que pudesse correr. Muito rápido. Deve ser o tal instinto de sobrevivência. Mas, ao ouvir um deles dizer “atira nela! Atira nela”, eu perdi os sentidos, perdi as forças nas pernas e caí no chão. Estava correndo tão rápido que a queda foi com impulso enorme e saí ralando cotovelo, barriga, joelhos na calçada... me machuquei toda e por alguns segundos esperei os tiros ali, caída, sem defesa, com minha bolsa que tinha apenas 20 reais, meus documentos, blocos de papel e canetas.
O tiro não veio (Graças a Deus! Graças a Deus)! e eu consegui levantar e correr até dobrar a esquina onde tinham pessoas. Entrei numa padaria para me acalmar e liguei para meus colegas de trabalho e amigos. Fui amparada e me deixaram em casa. Antes de ir para casa, uma viatura veio até o jornal e eu registrei um Boletim de Ocorrência (BO), mas, para quê mesmo?
Quantas duplas de motoqueiros estão a solta em Maceió roubando em casa esquina? Eu fui apenas mais uma vítima a reclamar aos policiais militares que escutam casos idênticos ao meu diariamente.
Será que por eu reclamar e está publicando tudo isso, haverá alguma melhoria na segurança pública? Terão mais viaturas circulando na cidade? Vai diminuir o número de assaltos, assassinatos, tráfico? Acho que não. Nossa Alagoas parece está cada vez mais distante de ser um bom lugar para se viver e eu as vezes penso se não seria mais seguro abandonar tudo e tentar recomeçar a vida em outro lugar.
Isso mesmo, já chego ao ponto de pensar em deixar minha terra natal por medo. Estou viva hoje por um milagre. Quantas outras chances eu terei se continuar aqui?
Passei o fim de semana com muita febre, angustiada e amedrontada. Eu que já montei os cavalos mais bravos desde criança, eu que já briguei na porrada com homem, eu que decidi morar sozinha e meter a cara na vida, me virar acreditando que tudo vai dar certo. Eu mesma. Passei o fim de semana pensando nas coisas que eu queria ter feito e deixei de fazer, nas pessoas que eu me afastei por mágoa mas ainda as amo, nos lugares que ainda quero conhecer, nos “eu te amo” que eu preciso dizer.
E um filme me passou pela cabeça. O filme da minha vida. E diante de uma experiência dessas, você começa a repensar suas prioridades e eu, sem dúvidas, não acho que rotina seja uma coisa bacana. Não acredito de jeito nenhum que uma pessoa tenha que viver a vida correndo atrás de grana, passando por cima de qualquer um para subir na vida. Não!
A cada dia que passa eu vejo a vida com mais simplicidade. A cada dia que passa eu admiro mais o que Jesus veio nos passar. Simplesmente amar e não fazer aos outros o que não quer que seja feito conosco. Assim, simplesmente assim, o mundo funcionaria na maior paz e harmonia.
Mas não aprendemos absolutamente nada. O ser humano é o único animal que tem que se proteger da sua própria espécie. É o único que mata por maldade, por ignorância, crueldade, sangue frio.
E todo esse texto é apenas o desabafo de uma jovem jornalista, cansada dessa realidade absurda, cansada de registrar diariamente, DIARIAMENTE, a morte de tantos jovens, tantas e tantas vitimas de assaltos e tanta, mas tanta falta de segurança nesse lugar pequeno e tão mal governado.
Não é só a violência que me incomoda não. Se eu tivesse levado um tiro pelas costas, quanto tempo demoraria para eu ser socorrida? E qual hospital público me atenderia rapidamente? Minha vida estaria salva com a saúde pública que temos? Eu não acredito nessa hipótese. Acho que eu, se não morresse na hora do crime, agonizaria muito antes de ser atendida por algum médico mal humorado, insatisfeito com seu salário e acostumado a ver tanta gente morrer todos os dias na frente dele. Eu seria apenas mais uma.
E toda essa bola de neve de “esculhambação” começa no que seria o básico para qualquer sociedade com o mínimo de civilidade: começa na educação. E qual a qualidade das nossas escolas públicas? Nem é preciso comentar.
E quero finalizar esse artigo, texto, desabafo, não reclamando. Já faço isso diariamente, reclamando por mim ou transcrevendo o que as pessoas (a grande maioria delas) dizem. Quero terminar agradecendo por estar viva. Passei o fim de semana adoentada, de cama, com o cotovelo, barriga e joelho machucados da queda, mas fui bem cuidada. Só tenho que agradecer por ser tão abençoada e por ter de novo a chance de fazer e dizer o que tenho vontade. Obrigada!
Thayanne Magalhães
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