quarta-feira, 16 de março de 2011

Reforma Política: o voto deve ser facultativo?

Dentre os temas a serem discutidos na Comissão de Reforma Política no Senado, está o voto facultativo, que hoje é para os analfabetos, maiores de 70 anos e menores de 18. A data marcada para esta pauta é o próximo dia 17 de março. O assunto é polêmico e divide a opinião pública.

A pessoa interessada em votar teria que se alistar. Caso contrário, não teria mais a obrigação de ir às urnas nas eleições.

O cronograma de trabalhos foi aprovado nesta terça-feira (1º) e a expectativa dos senadores que integram a comissão é concluir a proposta de reforma política até o dia 5 de abril.

Na opinião do cientista político, Alberto Saldanha, transformar o voto obrigatório em opcional vai ser uma tarefa difícil, tendo em vista que não exista um consenso entre os integrantes da comissão. “O próprio presidente do Senado, Sarney, vive dizendo que vai ser difícil, que não existe um consenso e certamente não vai ser aprovada. Toda vez o Congresso quer fazer a reforma política, mas sempre acaba do mesmo jeito que está”, disse Saldanha em entrevista ao Primeira Edição.

“Se a sociedade não se envolver, apresentar um projeto, debater, a discussão vai ser o que sempre foi. Eu não acredito que vá haver mudança substancial”, continuou.

Saldanha acredita que o voto deve continuar obrigatório. “Votar é o mínimo que o cidadão deve ser obrigado para participar da política. O voto decide quem vai conduzir o futuro do país e não se pode abrir mão de tomar essa decisão”.

O cientista político acredita também que, caso o voto se torne facultativo, só vai ajudar ainda mais a aumentar o poder dos políticos que possuem ‘currais eleitorais’. “A pessoa que não irá votar, certamente é a que tem um nível cultural maior, é mais bem informada. Quanto aos pobres, os que vendem seus votos, esses vão continuar indo às urnas votar em seus ‘coronéis’. Enfim, é um tema polêmico e acredito que deva ficar como está”.

As pessoas
A auxiliar administrativa, Andressa Araújo, de 21 anos, acha que o voto deva continuar sendo obrigatório. “Eu trabalhei para um candidato nas eleições passadas e percebi o quanto ainda falta consciência no brasileiro. Ouvi muito eleitor dizer que votaria em quem pagasse mais. É preciso não só obrigar a votar, para que haja o mínimo de participação política das pessoas, mas também conscientizar os mais humildes, insistir na educação”, opinou a jovem.

Para o estudante de Publicidade, Bruno Vital, de 25 anos, a obrigatoriedade ou não do voto não faria grande diferença. “O povo acaba votando se quiser, porque se deixar de ir às urnas no dia da eleição, é só pagar depois uma multa de três reais, eu acho, e fica perdoado”, disse.

“Caso o voto se torne facultativo, tornará o processo eleitoral mais democrático, porém, muitos que lutaram na Ditadura Militar pelas eleições diretas vão se sentir traídos”, acredita Bruno.

Resta esperar o dia da conclusão da proposta de reforma política e ver se existirão mudanças, ou se o cenário político brasileiro continua como está.

Thayanne Magalhães

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