quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

A banalização do sexo no Twitter

Começo este artigo com receio de ser rotulada de hipócrita ou falso moralista, mas vou arriscar conseguir algumas aprovações pela minha opinião sobre como o sexo tem se tornado tão banal para as novas gerações. Hoje, quarta-feira, 21 de dezembro, estava procurando no Twitter um dos assuntos mais comentados para tentar produzir um texto, já que o dia está sem muitas pautas, e vejo a hastag #20pessoasquequerotransar, isso mesmo, as vinte pessoas que você quer transar!

Bom, não que as pessoas não devam transar com 20 pessoas durante sua vida, eu acho um exagero, mas há quem goste de somar. Porém, você ter em mente 20 pessoas com quem você transaria por esses dias... como assim? Quem é que sabe as 20 pessoas, possíveis, com quem quer transar? Soa promiscuo demais.

E, olhando as pessoas que aderiram a brincadeira, percebi que não sou a única a não concordar com tamanha “falta do que fazer”. Um dos usuários da rede social escreveu um comentário interessante: “colocam #20pessoasquequerotransar nos trends brasil e depois reclama [sic] que gringo so vem pra ca pela putaria”. Pois é. Se nosso país já tem fama de local propício para a prostituição, muita bunda e mulher pelada, ainda inventam mais besteiras para que façamos por merecer a fama.

Certamente um monte de gente vai me perguntar: Mas tia, você não anda em balada, você não transa, você não tem vontade de transar com ninguém? Sim para todas as respostas. Porém, tornar o assunto totalmente banal só me responde algumas questões que as vezes me pego indagando, tais como: Porque os meninos não levam mais as meninas a sério? Porque tem tanta gente com AIDS, com tantas formas de prevenção?

A questão não é não falar em sexo, não é não ter vontade ou nunca ter cometido uma “doideira” vez ou outra na vida. A questão é a forma como o assunto tem sido tratado em redes sociais, onde pessoas muito jovens, que ainda estão formando suas opiniões e caráter têm livre acesso e podem acabar achando que transar com 20 pessoas seja algo normal. Não, não é. Assim, premeditado, tendo vontade de simplesmente transar com um monte de gente, uma por dia, por semana talvez? Como assim?

Além das doenças, existe a gravidez indesejada, abortos, pílulas do dia seguinte, que deveriam ser tomadas em caso apenas de estupro – na minha opinião – são tomadas como remédio para dor de cabeça. Uma bomba de hormônios equivalente a meia cartela de pílula anticoncepcional.

Enfim, o sexo é bom, quem diria o contrário? Mas, para as meninas que querem ser amadas pelo seu caráter, revejam seus conceitos, principalmente na balada, quando a chave do carro na cintura do cara e uma bebida importada são suficientes para tirar a roupa pra ele. E aos meninos, reparem que quando vocês transam com "20 pessoas" no fim de semana, como você acorda com uma sensação de que está sempre sozinho. Pelo menos é o que alguns amigos meus dizem quando estão sóbrios.

E às pessoas do Twitter, que antes era uma rede tão culta e divertida, vamos parar com a futilidade um instante ou será que outra rede social apenas para selecionados terá que ser inventada novamente?

Thayanne Magalhães

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Artigo: O Dia Internacional da Tolerância e a terra da intolerância

No ano de 1995, a Organização das Nações Unidas (ONU) instituiu o dia 16 de novembro como sendo o Dia Internacional da Tolerância. O assunto é um das mais comentados em redes sociais e, diante da violência que se instala no estado de Alagoas, seria um bom assunto para ser discutido pelas pessoas que almejam viver em um ambiente de paz e tranquilidade.

Diariamente são registrados homicídios cometidos por motivos banais, brigas, bebedeiras. A morte violenta tem se tornado cada vez mais comum. Cadáveres viram atrações para crianças assistirem e se divertirem com as cenas lamentáveis, provocadas pela intolerância de um povo visto pelo resto do país como “brabos”, intolerantes.

O intuito da ONU, ao estabelecer a data, foi de reafirmam a “fé nos Direitos Humanos fundamentais” e na dignidade e valor da pessoas humana. Também poupar as novas gerações das guerras por questões culturais, incentivando a prática da tolerância, convivência pacífica.

E se volta ao assunto Alagoas. As diferenças culturais, opção sexual. Além de ser o estado com maior índice de homicídios, o nosso estado também é o que tem o maior registro de crimes homofóbicos. A intolerância contra as diferenças também faz com que a violência tome proporções cada vez maiores e os casos de assassinato sejam registrados diariamente.

A Declaração Universal dos Direitos Humanos afirma que todas as pessoas têm direito à liberdade de pensamento, consciência e religião, direito à liberdade de opinião e expressão. Orienta também que a educação deve promover a compreensão, a tolerância e a amizade entre nações, grupos raciais e religiosos.

Mais um ponto a ser discutido: a educação. Em Alagoas, mais especificamente em Maceió, nos últimos meses foram registrados casos de violência nas escolas. Estudantes que flagrados armados, se divertem filmando e postando na internet cenas lamentáveis de brigas com agressões físicas e verbais. O local onde se deveria aprender a ser tolerante, vira palco de constantes registros de violência gratuita.

Por onde começar a combater a intolerância? Levando em consideração que a grande maioria dos envolvidos nos casos de violência são pessoas de classe desfavorecidas, este fator poderia explicar a aparente "despreocupação" das autoridades em correr contra o tempo e começar imediatamente a combater o aumento da violência?

O tema é questionável, diariamente discutido nos veículos de comunicação, redes sociais, nas conversas dos que sofrem com o problema. Seria esta a resposta então? Apenas quem está a mercê da violência motivada pela intolerância é quem se preocupa em encontrar solução? Hoje é o dia para se pensar a respeito.

Thayanne Magalhães

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Rio São Francisco reserva o 5º maior canyon do planeta; conheça.

Descoberto no ano de 1501, o Rio São Francisco reserva muito mais do que se imagina. Além das deslumbrantes paisagens, o Velho Chico também é guardião de muita História. Hoje, esta blogueira leva o leitor para uma viagem a uma das maiores belezas naturais do planeta, os canyons do São Francisco, o 5º maior do mundo e o maior navegável, formado por rochas areníticas que até parecem terem sido talhadas à mão.

Desde a sua margem, até durante todo o seu percurso, com 240 km de extensão, o São Francisco espalha sua beleza. Nascendo em Minas Gerais, o Velho Chico deságua em Alagoas e, é aqui no nosso Estado, na divisa com Sergipe, que se pode conhecer um dos seus pedaços mais deslumbrantes.

Por conta da força de suas águas, no início do século 20 foi construída a Hidrelétrica de Angiguinhos e, na década de 80, a de Xingó. Com o represamento das águas se formou um imenso e profundo lago, onde são realizados passeios de barcos entre o majestoso canyon, paredões esculpidos pela natureza, que chegam a 80 metros de altura.

Saindo da cidade de Piranhas, no Sertão de Alagoas, esta que vos escreve passou por Xingó e chegou até o lago de onde saem os catamarãs que levam os visitantes para conhecer uma das maiores maravilhas do Nordeste. O passeio dura cerca de 3 horas e os visitantes se deslumbram com a imensidão do rio e suas belezas naturais.

No caminho é possível avistar a imagem do santo que dá nome ao rio, o São Francisco, que está em uma gruta no alto de um dos paredões dos canyons.

Ao chegar da Gruta do Talhado, local que recebeu esse nome por parecer ter sido esculpida à mão, os visitantes podem mergulhar no rio e aproveitar para andar de canoa até embaixo da grota, onde não é permitido nadar por conta da profundidade.

Uma atração a parte é a placa que diz “Porto de Brogodó”, já que no local foram gravadas cenas da novela “Cordel Encantado” da Rede Globo e, na Grota do Talhado o rei de Seráfia, Augusto, desembarcou quando chegou ao Brasil.

E assim o Blog da Thay sugere a visita a mais uma de nossas belezas naturais, que estão perto de nós, alagoanos, e podem ser visitadas com um baixo custo. Conhecer Alagoas vale a pena. Um estado rico em História e natureza deslumbrante, do Litoral ao Sertão.

Texto e fotos: Thayanne Magalhães

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Conheça o local onde o cangaceiro Lampião deu seus últimos passos

Para quem gosta de contemplar a natureza e ao mesmo tempo conhecer a História, em Alagoas um local perfeito para esse conjunto é a cidade de Piranhas, às margens do Rio São Francisco. O Primeira Edição esteve por lá neste fim de semana, conheceu a “Rota do Cangaço” e seguiu pela trilha até a Grota de Angicos, no município de Canidé do São Francisco, em Sergipe, onde Lampião foi morto pela força policial da época.

Saindo de Piranhas, os visitantes podem pegar um barco que leva até o início da trilha da grota. No local existe um restaurante com comida típica e uma réplica das casas de taipa com diversas reproduções de fotos do bando de Lampião, inclusive a famosa foto das cabeças degoladas dos 11 cangaceiros mortos durante a emboscada que tirou a vida de Lampião e a de sua mulher, Maria Bonita.

Durante o percurso, o guia explica como tudo aconteceu. “No dia 27 de julho de 1938 o cangaceiro Pedro Cândido foi fazer compras em uma feira de Piranhas. Ele foi comprar mantimentos para os 33 cangaceiros do bando de Lampião que estavam na Grota de Angicos. Por conta da quantidade de comida, as pessoas desconfiaram e a polícia acabou descobrindo que o bando estava por perto”, explicou o guia.

O denunciante teria sido o vaqueiro Joça Bernardes, homem que conhecia as “más companhias” de Cândido. Então, ele avisou à polícia, que armou um plano para emboscar Lampião e seu bando. Durante a noite, a Volante se organizou na Caatinga que cercava a trilha até a grota e, às cinco da manhã Lampião, Maria Bonita e mais 9 cangaceiros que estavam em Angicos foram mortos e tiveram as cabeças degoladas e expostas na escadaria da Prefeitura de Piranhas.

Conta a história que o cangaceiro Corisco conseguiu escapar. Ele ficou conhecido como o “Diabo Loiro”, que cometeu vários assassinatos querendo vingar a morte de seu líder, Lampião.

No centenário do nascimento de Lampião foi colocada uma placa e cruzes em uma pedra localizada no centro da Grota de Angicos.

Museu do Sertão
No Centro Histórico de Piranhas, além das construções originais da época de sua fundação, os visitantes podem ainda se aprofundar na História do lugar. No Museu do Sertão, instalado em uma estação ferroviária desativada, podem ser vistas 204 peças que vão desde utensílios de cozinha e de pesca até réplicas de embarcações utilizadas pelos sertanejos durante séculos.

Em destaque uma sessão dedicada ao cangaço com exposição de fotografias, vestimentas e, inclusive, cartas escritas por Lampião e sua cigarreira.

Piranhas, um lugar onde natureza e História se encontram num misto de tranquilidade e o despertar da curiosidade de quem aprecia o conhecimento. Vale a pena conhecer.

Texto e fotos: Thayanne Magalhães

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Lei da Imprensa

Lei n.º 5.250, e 09/02/1967, ou Lei de Imprensa.

Art. 71 (LEI DE IMPRENSA):
Nenhum jornalista ou radialista, ou, em geral, as pessoas referidas no art. 25, poderão ser compelidos ou coagidos a indicar o nome de seu informante ou a fonte de suas informações, não podendo seu silêncio, a respeito, sofrer qualquer sanção, direta ou indireta, nem qualquer espécie de penalidade.

Art. 5º, XIV (Constituição Federal/1988)
É assegurado a todos o acesso à informação e resguardado o sigilo da fonte, quando necessário ao exercício profissional.

Art. 220 (Constituição Federal)
A manifestação do pensamento, a criação, a expressão e a informação, sob qualquer forma, processo ou veículo não sofrerão qualquer restrição, observado o disposto nesta Constituição.

Art. 220 parágrafo 1º (Constituição Federal):
Nenhuma lei conterá dispositivo que possa constituir embaraço à plena liberdade de informação jornalística em qualquer veículo de comunicação social, observado o disposto nos art. 5º, IV, V, X, XIII e XIV.

Chefe dos vigias de Capela é acusado de estupro

“Só porquê somos pobres podem fazer o que quiserem com a minha filha e fica por isso mesmo”. É com esse questionamento que a dona de casa Luciana dos Santos Silva pede por justiça no caso de sua filha, que foi estuprada em dezembro do ano passado quando tinha 17 anos, pelo chefe dos vigilantes da cidade de Capela, identificado como César Ramos.

Esta blogueira esteve no município para apurar o caso e conversou com a mãe da vítima, que disse sofrer até deboches por parte da família do acusado, que dizem que o caso não dará em nada. “Eles dizem que os ricos da cidade são por ele, e que isso não vai dar em nada. Eu já denunciei no Conselho Tutelar, na delegacia e até no Fórum da cidade. Eu quero ver ele pagando pelo que ele fez”, contou a dona de casa.

Luciana contou como tudo aconteceu e afirmou que sua filha confiava no acusado, já que o chefe da vigilância da cidade deveria ser o responsável pela segurança dos cidadãos, e não uma ameaça. “Minha filha aceitou uma carona dele no dia que faltou energia na cidade, e ele acabou levando ela para uma creche e perguntou quanto ela queria pra ficar com ele. Ela se recusou e ele acabou estuprando ela. Ela só me contou depois de muitos dias, porque se sentia ameaçada por ele. Só depois que ela gravou uma ligação dele no celular, foi que ela teve coragem de me dizer, porque tinha provas”, afirmou.

“Depois de tudo, com as provas na mão, procuramos o Conselho Tutelar. Minha filha fez o exame do conjunção carnal no IML e foi tudo encaminhado para a delegacia, mas, o delegado na época nem quis me escutar, acho que porquê eram amigos, ele e o chefe dos vigilantes. Foi quando procurei o juiz, que nem estava sabendo do caso, e agora o delegado e o escrivão da cidade são outros. Mesmo assim, o caso continua parado. Quero que seja feita justiça e que minha filha possa viver em paz, sabendo que quem fez mal a ela está pagando pelo que fez, e não está solto por aí, rindo da nossa família porque somos pobres e temos que nos calar diante da injustiça que fazem com a gente”, disse indignada.

Luciana se pergunta ainda o que teria acontecido se fosse alguém que mexesse com a filha do acusado, que deve ter aproximadamente 12 anos. "Não sei como um home casado, que tem filha, pode fazer isso. Queria ver se fosse com ele".

No Conselho Tutelar da Cidade, o caso faz com que os conselheiros se sintam sem credibilidade diante da sociedade. “Nós fizemos a nossa parte, encaminhamos o caso para a Polícia Civil e para o Fórum da cidade, mas não tivemos nenhum resultado. A população que não entende qual o nosso papel, acaba achando que nós não nos esforçamos, mas trabalhamos muito para que todos os casos que chegam até nós tenham um desfecho. Este infelizmente continua sem solução. Está nas mãos da justiça”, afirmou a conselheira tutelar, Inês Borges.

“A população nos cobra, nos perguntam o que aconteceu, no que deu o caso, mas passamos tudo para o promotor de Justiça da cidade. Na época a mãe da vítima acusou a polícia de ser conivente com o acusado, o caso foi levado ao promotor da cidade, que nem estava sabendo do assunto, a acabou cobrando mais da Polícia Civil. Hoje o delegado e o escrivão são outros, mas, mesmo assim não sabemos o resultado das investigações”, explicou a conselheira.

O presidente do Conselho Tutelar de Capela, Claudovan Freitas, confirmou o que Inês Borges disse, que eles fizeram seu papel, dando todo apoio à família e à vítima, mas que o resultado das investigações e punição do acusado é trabalho da Justiça.

Na Delegacia de Capela, o 103º Distrito Policial (DP), estava somente o agente Lamenha Lins, que se restringiu a dizer que o caso já foi encaminhado para o Fórum da cidade e que a Polícia Civil já fez sua parte. “Tudo foi levado para o fórum da cidade. A vítima, a mãe da vítima e o acusado foram ouvidos e seus testemunhos encaminhados para o Fórum. O laudo do IML também. Tudo o que foi colhido na delegacia já está nas mãos do juiz que irá resolver o caso”, afirmou o agente.

No fórum da cidade não foi encontrado ninguém para comentar sobre o assunto.

O prefeito Adelminho Claheiros também não foi encontrado para falar sobre o assunto. É questionável o fato de se manter um homem acusado de estupro resposável pela segurança da cidade.

Esta blogueira irá acompanhar de perto este caso e continuará tentando falar com o prefeito da cidade e com o juiz responsável pelo julgamento do acusado, César Ramos.

quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Capelenses denunciam nomeação de parentes do prefeito nos cargos de secretários municipais

Segundo informações da fonte, enquanto os parentes de Adelminho Calheiros ganham cargos importantes, jovens estão desempregados

Durante esta semana, esta blogueira vem recebendo denúncias de moradores do município de Capela, inconformados com a nomeação de novos secretários municipais da cidade. Com medo de sofrer represálias, nenhum deles quis se identificar.

As denúncias dão conta de que os cargos têm sido ocupados por parentes do atual prefeito da cidade, Aldelminho Calheiros (PPS), que assumiu há prefeitura a pouco mais de um mês. “É um absurdo. Uma cidade inteira ser administrada por uma única família, tirando a chance de quem tem experiência política e administrativa, que estão perdendo a oportunidade de fazer algo de bom pela cidade. Estão perdendo os cargos para pessoas inexperientes e posso até dizer, fúteis”, protestou a fonte, moradora da cidade.

Segundo a fonte, a esposa do prefeito assumiu a Secretaria de Finanças, o noivo de uma prima assumiu a Secretaria de Educação, uma prima assumiu a Secretaria de Assistência Social e um primo renunciou ao mandato de vereador para assumir a Secretaria de Infraestrutura.

“Essas são as que eu sei. Não sei se existem mais parentes em cargos da prefeitura. Mas, em um mês, já tem esse tanto de gente, imagine até acabar o mandato. Só vai ter parente do Adelminho administrando a cidade”, opinou a fonte.

Esta blogueira tentou entrar em contato com o prefeito de Capela, mas o celular estava desligado.

Sobre uma possível acusação de nepotismo, a Prefeitura de Capela não pode responder por este crime, tendo em vista que a Súmula Viculante do Supremo Tribunal Federal (STF) de número 13, afirma que não o nepotismo não alcança estes cargos.

Apesar de não ser ilegal, para a grande parte dos cidadãos da cidade, não parece ético. Porém enquanto não for constada nenhuma irregularidade na gestão dos secretários municipais, o Ministério Púbico do Estado (MP) não pode intervir nas nomeações. Contanto que não afronte os interesses públicos e as ações sociais, o prefeito pode escolher qualquer pessoa da sua família para comandar as secretarias municipais.

Esta é a lei brasileira.

“Enquanto os parentes do Adelminho ocupam os cargos da prefeitura, a maioria dos jovens capelenses vivem ociosos, sem oportunidade de trabalho. Ao invés dele se preocupar em dar o ganha pão só para a família dele, deveria investir mais nas oportunidades de trabalho para o tanto de gente desempregada que tem na cidade”, apelou a fonte que fez a denúncia a esta que vos escreve.

E ao término dessa matéria, fica a pergunta: o que é nepotismo então?

Thayanne Magalhães

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Em falta!

Queridos leitores, estou em falta com vocês! Os trabalhos jornalísticos factuais não me deixam tempo para reportagens frias. Mas prometo, em breve volto a atualizar bem mais frequentemente meu blog!

Obrigada pelos comentários e elogios!

Thayanne Magalhães

terça-feira, 26 de abril de 2011

Conheça Limoeiro, a vila mais antiga do Brasil

Fundada pelo português Antônio Carlos de Melo, em 1700, a Vila Limoeiro é a mais antiga do Brasil, segundo conta o historiador Francisco Alves Feitosa, mais conhecido como Chico Marceneiro, de 78 anos. “O português chegou de navio pelo Rio São Francisco e construiu a primeira casa da vila, que existe até hoje. O local vivia das plantações de arroz, algodão e da pesca. Hoje em dia a pesca é muito fraca e os moradores da vila vivem mais de aposentadorias”, contou Chico.

Segundo Chico, Limoeiro, que é um povoado pertencente ao município de Pão de Açúcar, é considerada a vila mais antiga do Brasil porque não existe nenhuma outra com 311 anos que ainda não tenha se emancipado, se tornado cidade. “Nossa grande preocupação hoje em dia é com as características históricas. As pessoas estão destruindo as casas antigas e modernizando a vila, e a maioria dos jovens não ficam aqui, vão embora para a cidade grande tentar a vida. Queremos preservar a história, mas para isso é preciso o tombamento da Vila Limoeiro”, disse o historiador.

Andrade, disse que está lutando para que o Governo do Estado tombe a vila e proíba a destruição e modernização das casas centenárias. “Tem morador da vila que vende as casas por muito pouco, porque desconhecem o valor histórico que elas possuem. Todos os anos, duas ou três casas são destruídas e, se não tombar logo, a vila vai perder toda a sua característica”, afirmou preocupado.

A Igreja Matriz
Construída em 1703, a Igreja de Jesus, Maria e José, padroeiros da Vila Limoeiro, tem paredes com 70 cm de espessura. “Na época não existia cimento, os escravos carregavam as pedras e a construção foi erguida com barro grosso e cabaú, o mel retirado da cana-de-açúcar”, conta Chico.

Segundo o historiador, as imagens originais dos santos foram roubadas, mas a igreja ainda preserva a sua aparência de séculos atrás.

Uma igrejinha erguida no banco de terra conhecido como Murim, há 250 anos, já foi tombada. A construção pode ser vista de longe pelos moradores da vila.

A passagem do Imperador
Chico Marceneiro conta em detalhes como foi a passagem do Imperador Dom Pedro II pelo Rio São Francisco, às margens da Vila Limoeiro. “Há 150 anos o imperador passou por aqui em seu navio Pirajá. Dom Pedro usava um relógio de bolso, com algarismos romanos, fabricado em Genebra, na Suíça, em 1844. A marca era Estrada de Ferro.

Segundo Chico, o comandante do navio de Dom Pedro era o Almirante Tamandaré, Joaquim Marques Lisboa, patrono da Marinha Brasileira. “Eles passaram aqui pela vila e seguiram para Pão de Açúcar, que já era emancipada há cerca de cinco anos. Lá o imperador pernoitou e no dia seguinte teria seguido para Piranhas”.

História dos moradores
Durante a reportagem, a equipe do Primeira Edição encontrou na Vila Limoeiro alguns moradores mais antigos, com histórias no mínimo, curiosas. Dona Maria Bezerra Lima, de 92 anos, disse que dançou em um baile com Lampião, famoso cangaceiro do Sertão nordestino. “Ele chegou na festa com o bando dele e me chamou para dançar. Isso aconteceu em 1936, na época eu já estava noiva e meu noivo quase rompeu comigo. Mas, Lampião era temido e as moças tinham que dançar com ele até amanhecer o dia”, lembra a senhora.

Dona Maria Bezerra é uma das mais antigas moradoras da Vila e ainda muito lúcida, também se preocupa em preservar o patrimônio histórico. “As pessoas precisam parar de derrubar as casas antigas para fazer casas novas. A Vila precisa ser preservada para que outras gerações também possam conhecer a história e ver como eram as casas de antigamente”, indagou.

Descendentes do policial que matou Lampião
Em Limoeiro, a equipe de reportagem do Primeira Edição também encontrou Ana Dayse Souza Ramos, de 53 anos. Ela é filha do policial Anisete Rodrigues da Silva, que era o comandante da volante que matou Lampião no dia 28 de junho de 1938. A mulher não chegou a conhecer seu pai, que foi assassinado quando ela ainda era um bebê.

“Depois do assassinato de Lampião e seu bando, Anisete ‘virou’ delegado de Pão de Açúcar, e foi quando eu o conheci e nós namoramos. Desse namoro nasceu nossa filha. Mas, na época ele enfrentou o coronel da cidade, Elísio Maia, e acabou sendo metralhado em uma emboscada. Infelizmente minha filha não pode conhecer o pai”, contou Georgina Souza, de 75 anos.

A filha do policial militar decidiu ir conhecer seus irmãos, os dois filhos que Anisete tinha com a esposa legítima, e descobriu que a família vivia bem. “Tenho certeza de que se meu pai fosse vivo, eu teria tido uma vida melhor. Minha mãe me criou com muita simplicidade e não soube exigir meus direitos, mas Deus sabe o que faz”, disse Dayse.

E assim, tendo ido conhecer e falar sobre a vila mais antiga do país, encontramos personagens que vivenciaram momentos marcantes da história do Brasil. É a História viva, podendo ser contada por quem estava presente ou ouviu de seus antepassados o que se passou há dezenas de anos atrás.

Thayanne Magalhães (fotos e texto)

sexta-feira, 1 de abril de 2011

400 anos: conheça um pouco da história de Pão de Açúcar

Fundada em 1611, a cidade alagoano de Pão de Açúcar teve como seus primeiros habitantes os índios da tribo Urumaris, que, segundo conta a História, teriam sido expulsos pela tribo dos Chocós das terras da Ilha São Pedro, no lado sergipano do rio São Francisco, e começaram a habitar as terras da outra margem.

Segundo o secretário da Cultura, Turismo e Comunicação de Pão de Açúcar, Hélio Fialho, os Urumaris batizaram o lugar com o nome de Jaciobá, primeiro nome dado à cidade, que significa “Espelho da Lua” em guarani. “Conta a história que nas noites de luar as águas do rio São Francisco ficavam com um reflexo que fazia surgir um fio de cristal e os índios achavam o reflexo parecido com um espelho”, contou Hélio em entrevista ao Primeira Edição.

“A cidade poderia se chamar Jaciobá até hoje, seria mais histórico, mas, os portugueses chegaram e mudaram o nome. Lourenço José de Brito Correia chegou em Pão de Açúcar e começou a criar gado e a comercializar pau brasil. Ao contrário do que muitos pensam, a cidade nunca teve nenhum engenho de cana-de-açúcar, nunca houve essa cultura. O nome que a cidade tem hoje se deve ao fato da casa grande da fazenda do português ter sido construída próxima do morro, e olhando de longe parecia uma forma usada para clarear e purgar açúcar”, explicou o secretário.

Com a prosperidade da fazenda do português, Pão de Açúcar tornou-se vila e, no ano de 1877 foi elevada à categoria de cidade.

No dia 29 de janeiro de 1950, foi inaugurado o Cristo de Pão de Açúcar, semelhante ao monumento erguido no morro do Corcovado, no Rio de Janeiro. A obra é do escultor João Lisboa, nascido em Pão de Açúcar.

O Cristo mede 14,80 cm de altura com o pedestal, sendo a imagem de 10m. Do alto do Cristo pode-se ver toda a cidade e o São Francisco, além das diversas praias e a comunidade de Niterói, localizada na outra margem do rio, em Sergipe.

A população de Pão de Açúcar é formada pela mistura de índios e brancos, que viveram por muitos anos basicamente da pesca e da agricultura.

A visita do imperador Dom Pedro II
Um fato histórico destaque na cidade é a visita do imperados Dom Pedro II que pernoitou em Pão de Açúcar nos dias 17 e 22 de outubro do ano de 1859. Em seu diário de viagem, guardado no Museu Imperial, Dom Pedro conta sobre sua passagem e tece elogios à vila. “A vista do Pão de Açúcar é bonita”.

O imperador descreve como foi a sua chegada à Pão de Açúcar e relembra detalhes da recepção. “Cheguei por volta das 8 ao Pão de Açúcar. Receberam-me com muito entusiasmo e um anjinho entregou-me a chave da vila. Defronte desta povoação há uma grande coroa de areia, que me cansou atravessar e com a luz dos foguetes, que não têm me faltado por todo o rio”.

No diário, Dom Pedro descreve também o outro dia que esteve em Pão de Açúcar. “Acordei antes das 5, e pouco depois fui dar um passeio pela vila. A matriz é pequena, mas decente, só tem inteiramente pronta a capela-mor, o resto acha-se coberto. Há uma bela rua direita longa e muito larga, e outra perpendicular também direita, porém menos longa e larga. Só vi uma casa de sobrado, a da Câmara, onde me hospedei”.

O sobrado onde se hospedou o imperador Dom Pedro II será reformada, segundo afirmou o secretário Hélio Fialho, e será transformada em museu. “A atual gestão tem a preocupação de preservar a cultura e a história do município. Vamos reformar o sobrado e Pão de Açúcar terá mais um atrativo turístico, que contará um pouco da história do nosso país”.

Texto e fotos: Thayanne Magalhães

segunda-feira, 21 de março de 2011

Obrigada por me deixar viver, senhor ladrão!

"Obrigada por me deixar viver". Era só isso que eu gostaria de dizer à dupla de assaltantes que me aterrorizou nesta ultima sexta-feira 18. Até acontecer com a gente, os registros de assaltos, assassinatos, são apenas mais um noticiado pela imprensa, mas só até acontecer com a gente. Como jornalista, sempre procurei fazer minha parte, apelando em meus textos por mais segurança nesse nosso pequeno estado, que tem como titulo, o de mais violento do país.

É muito raro encontrar alguém em Maceió que nunca tenha sido vitima da violência, ou que não conheça alguém que já tenha sido assaltado, violentado, desrespeitado por algum marginal, bandido, criminoso, que por falta de oportunidade (essa desculpa é ótima para os vagabundos) ou pelo sangue frio, ou pelo fato de que roubar e matar tem sido algo cada vez mais banal, entram nesse mundo e tiram a paz das pessoas que lutam por uma vida melhor.

No meu caso, resumindo minhas lembranças relacionadas às violências que sofri, aí vai: quando tinha entre 8 e 10 anos, estava feliz com minha bicicleta nova, que ganhei de Natal. Estava pedalando de casa até a esquina, quando um ladrão me apontou uma arma e levou meu brinquedo, em um ponto de ônibus. Só pude chorar e passar semanas sentindo falta da minha tão esperada bicicleta.

Quando estagiava em um órgão publico no Centro da cidade, em 2008, eu acho, esperava para passar a rua e subir a ladeira da Catedral até a faculdade, quando uma dupla passou por mim e, um deles, andando feito um macaco balançando os braços, puxou minha corrente do pescoço e saiu andando na maior moral. Novamente chorei com o susto em seguida me veio o ódio pela ousadia e falta de respeito.

Até então eu criticava meus colegas nas redações onde passei, que comemoravam quando um ladrão era espancado ou morto. Eu acreditava que esse tipo de gente merecia uma segunda chance. Mas, depois de sentir na pele a frieza e cara de pau dessas criaturas, passei a não me importar mais com o que acontece com eles. Eu rezo, sou cristã e rezo, mas piedade, isso eu deixei de sentir.

Dentro do ser humano existem sentimentos que se provocados, podem fazer grandes estragos e eu não culpo um pai de família, um trabalhador que reage com fúria contra um ladrão.

E todo esse ponto de vista eu passei a ter por conta dessa experiência que não foi absolutamente nada diante do que me viria.

No mesmo ano, se não me engano, chegava em casa, quando morava no bairro da Gruta, por volta das 20 horas e um jovem, de calça jeans, tênis e mochila, aparentando ser um trabalhador, parou sua bicicleta na minha frente e pediu meu celular, relógio e dinheiro. Se eu falasse algo, ele me matava com a suposta arma que estava na mochila. “Que vida mais sem valor essa minha”, eu pensei.

Nessa ocasião eu fui fria, cheguei a pedir meu chip e desejei boa sorte para o criminoso. “Para você também”, respondeu o simpático ladrão. “Pois é, se eu tiver sorte não encontro mais com um da sua laia na minha frente”, eu quis dizer, mas poderia morrer pela ironia.

Em 2009, a maior sensação de injustiça, a dor inexplicável que só quem perde alguém para o crime pode sentir. Meu pai foi assassinado, cerca de um mês antes do meu aniversario. Sim, ele foi assassinado, sabe se lá porquê. Dizem que foi dívida de jogo ou assalto. Não sei até hoje o motivo pelo qual perdi meu pai. O crime aconteceu em Arapiraca onde ele morava com a segunda esposa e meu irmão e, apesar de não sermos grudados como na infância, ele continuava sendo meu pai. Ele não morreu, não. Mataram ele e a diferença entre morrer e ser morto é gigante. Não há explicação que conforme o coração de quem perdeu alguém dessa forma.

O que fica e uma sensação de injustiça, um eterno questionamento. “Por que temos que passar por isso? O que eu poderia ter feito para evitar? O que leva uma pessoa a tirar a vida de outra sem pensar no mal que fará aos seus familiares, filhos, mãe? Essas pessoas que cometem esses crimes têm mãe? Tem sentimento? Ou são meros seres humanos secos de qualquer tipo de remorso?”

No ano passado resolvi deixar de lado meu preconceito e fui curtir as festas juninas no Jaraguá (é que prefiro rock). Tinha polícia na entrada e dentro do evento, “que bom”, eu pensei. Mas, depois de me divertir com o meu então namorado e minha amiga, fomos andando junto com uma multidão até o Sesc Poço para pegar um ônibus e economizar. Antes tivesse gasto com táxi.

E lá no ponto, cheio de pessoas e sem nenhum policiamento (acho que todos estavam cuidando da festa da prefeitura em parceria com o governo), um grupo de maloqueiros nos rodeou e começou a violência. Arrancaram a minha bolsa de mão com o celular da minha amiga, deram um murro no meu namorado sem que ele tivesse reagido a nada e levaram o celular do bolso dele. Só não conseguiram levar o relógio porque tinha uma trava na fechadura e os imbecis não sabiam abrir.

Eu cheguei a reagir e empurrar um deles, o mesmo que agrediu meu namorado. Também fiquei dando umas tapas no “noiero” nojento que tentava roubar o relógio dele. “Ah não! O relógio não! Fui eu quem dei”. Pois é, perigosa minha atitude, mas foi instintiva, sem pensar.

Uma viatura veio uns dez minutos depois, mostramos por onde o bando, também formado por mulheres de shorts bem curto e barriga de fora (mesmo as gordas de barriga de fora), tinha corrido, mas era uma rua escura e os policiais, ou não entenderam, ou não quiseram arriscar entrar naquele lugar, e passaram direto. Não encontraram nenhum suspeito.

De novo a sensação horrível de se sentir injustiçado, de ver as suas coisas, que você comprou com seu trabalho, serem levadas por vagabundos sem medo, sem receio, pela certeza da impunidade. Estão acostumados com essa vida e sabem que dificilmente serão punidos. Não é a toa que tem tanta gente nesse “ramo” em Maceió e em todo o Estado.

E, finalmente chegando na sexta passada, depois de um dia de trabalho aqui na redação, saí um pouco mais tarde do meu horário e fui andando pelo caminho de sempre. Na minha frente, avistei uma moto com duas criaturas se aproximando e já imaginava o que me viria. Não pensei em nada, apenas assisti a cena como se soubesse exatamente o que iria acontecer.

Mas, quando eles pararam e um deles botou o pé no chão e exigiu minha bolsa, eu simplesmente corri como eu não imaginava que pudesse correr. Muito rápido. Deve ser o tal instinto de sobrevivência. Mas, ao ouvir um deles dizer “atira nela! Atira nela”, eu perdi os sentidos, perdi as forças nas pernas e caí no chão. Estava correndo tão rápido que a queda foi com impulso enorme e saí ralando cotovelo, barriga, joelhos na calçada... me machuquei toda e por alguns segundos esperei os tiros ali, caída, sem defesa, com minha bolsa que tinha apenas 20 reais, meus documentos, blocos de papel e canetas.

O tiro não veio (Graças a Deus! Graças a Deus)! e eu consegui levantar e correr até dobrar a esquina onde tinham pessoas. Entrei numa padaria para me acalmar e liguei para meus colegas de trabalho e amigos. Fui amparada e me deixaram em casa. Antes de ir para casa, uma viatura veio até o jornal e eu registrei um Boletim de Ocorrência (BO), mas, para quê mesmo?

Quantas duplas de motoqueiros estão a solta em Maceió roubando em casa esquina? Eu fui apenas mais uma vítima a reclamar aos policiais militares que escutam casos idênticos ao meu diariamente.

Será que por eu reclamar e está publicando tudo isso, haverá alguma melhoria na segurança pública? Terão mais viaturas circulando na cidade? Vai diminuir o número de assaltos, assassinatos, tráfico? Acho que não. Nossa Alagoas parece está cada vez mais distante de ser um bom lugar para se viver e eu as vezes penso se não seria mais seguro abandonar tudo e tentar recomeçar a vida em outro lugar.

Isso mesmo, já chego ao ponto de pensar em deixar minha terra natal por medo. Estou viva hoje por um milagre. Quantas outras chances eu terei se continuar aqui?

Passei o fim de semana com muita febre, angustiada e amedrontada. Eu que já montei os cavalos mais bravos desde criança, eu que já briguei na porrada com homem, eu que decidi morar sozinha e meter a cara na vida, me virar acreditando que tudo vai dar certo. Eu mesma. Passei o fim de semana pensando nas coisas que eu queria ter feito e deixei de fazer, nas pessoas que eu me afastei por mágoa mas ainda as amo, nos lugares que ainda quero conhecer, nos “eu te amo” que eu preciso dizer.

E um filme me passou pela cabeça. O filme da minha vida. E diante de uma experiência dessas, você começa a repensar suas prioridades e eu, sem dúvidas, não acho que rotina seja uma coisa bacana. Não acredito de jeito nenhum que uma pessoa tenha que viver a vida correndo atrás de grana, passando por cima de qualquer um para subir na vida. Não!

A cada dia que passa eu vejo a vida com mais simplicidade. A cada dia que passa eu admiro mais o que Jesus veio nos passar. Simplesmente amar e não fazer aos outros o que não quer que seja feito conosco. Assim, simplesmente assim, o mundo funcionaria na maior paz e harmonia.

Mas não aprendemos absolutamente nada. O ser humano é o único animal que tem que se proteger da sua própria espécie. É o único que mata por maldade, por ignorância, crueldade, sangue frio.

E todo esse texto é apenas o desabafo de uma jovem jornalista, cansada dessa realidade absurda, cansada de registrar diariamente, DIARIAMENTE, a morte de tantos jovens, tantas e tantas vitimas de assaltos e tanta, mas tanta falta de segurança nesse lugar pequeno e tão mal governado.

Não é só a violência que me incomoda não. Se eu tivesse levado um tiro pelas costas, quanto tempo demoraria para eu ser socorrida? E qual hospital público me atenderia rapidamente? Minha vida estaria salva com a saúde pública que temos? Eu não acredito nessa hipótese. Acho que eu, se não morresse na hora do crime, agonizaria muito antes de ser atendida por algum médico mal humorado, insatisfeito com seu salário e acostumado a ver tanta gente morrer todos os dias na frente dele. Eu seria apenas mais uma.

E toda essa bola de neve de “esculhambação” começa no que seria o básico para qualquer sociedade com o mínimo de civilidade: começa na educação. E qual a qualidade das nossas escolas públicas? Nem é preciso comentar.

E quero finalizar esse artigo, texto, desabafo, não reclamando. Já faço isso diariamente, reclamando por mim ou transcrevendo o que as pessoas (a grande maioria delas) dizem. Quero terminar agradecendo por estar viva. Passei o fim de semana adoentada, de cama, com o cotovelo, barriga e joelho machucados da queda, mas fui bem cuidada. Só tenho que agradecer por ser tão abençoada e por ter de novo a chance de fazer e dizer o que tenho vontade. Obrigada!

Thayanne Magalhães

quarta-feira, 16 de março de 2011

Riscos trazidos por usinas nucleares geram questionamentos

Os incidentes ocorridos nas usinas nucleares do Japão têm deixado o mundo apreensivo com as consequências que uma possível contaminação possa causar às pessoas que tenham contato com a radiação. No Brasil, fala-se em construir 4 novas usinas, uma em Angra dos Reis, Rio de Janeiro, e outras no Nordeste, sendo uma delas em Alagoas. Diante das tragédias registradas no mundo, há de se convir que existam outras formas de se obter energia como as usinas hidrelétricas, eólicas e a energia solar, que não trazem riscos “gravíssimos” para a população.

Mesmo com todo o risco que a energia nuclear pode trazer, sem exageros ao afirmar, a toda humanidade, ainda existem os que insistem nessa idéia. Em coletiva realizada nesta terça-feira (15), o ministro de Ciência e Tecnologia, Aloízio Mercadante, afirmou que as usinas nucleares brasileiras atendem a todas as exigências de segurança internacionais e que não há riscos de incidentes. Mas, quando construíram a do Japão, havia riscos?

O ministro frisou que o incidente no Japão deverá resultar em novos protocolos internacionais de segurança e que, caso isso realmente aconteça, o Brasil prontamente atenderá às novas regras estabelecidas pela Agência Internacional de Energia Nuclear (AIEN).

Mercadante esclareceu também que os sistemas de segurança das usinas brasileiras são diferentes das japonesas, o que, segundo ele, praticamente exclui a possibilidade de incidente semelhante no Brasil. Outro fator destacado pelo ministro é o fato de que o Japão possui um histórico de terremotos e tsunamis e, no caso de Angra dos Reis, onde há incidência de chuvas, alagamentos e desabamentos, as usinas estão “blindadas” contra esses tipos de desastres.

Usina Nuclear em Alagoas
No início do mês, o secretário adjunto de Minas e Energia do governo de Alagoas, Geoberto Espírito Santo, destacou algumas vantagens que a construção de uma usina nuclear traria para o Estado. Para ele, a obra traria, sem sombras de dúvidas, a diminuição das diferenças econômicas e sociais na Região Nordeste.

O secretário não foi encontrado para falar sobre o assunto nesta quarta-feira (16) para saber se existem mudanças de planos depois dos incidentes ocorridos no Japão. A escolha e implantação das primeiras usinas nucleares no Nordeste devem ser anunciadas pelo governo federal até junho, pelo menos era o previsto.

Na mesma entrevista concedida no início do mês de março, Geoberto disse que especialistas explicam que a geração de energia nuclear gera poucos resíduos e não emite grande quantidade de poluentes, não contribui para o efeito estufa, não polui o ar com gases enxofre, nitrogênio, particulados e outros. Outra vantagem, segundo o secretário, é que uma usina nuclear não utiliza grandes áreas de terreno.

“É a fonte mais concentrada de geração de energia e a quantidade de resíduos radioativos gerados é extremamente pequena e compacta”, afirmou Geoberto na ocasião.

Segundo foi dito na entrevista, a tecnologia do processo é bastante conhecida e o risco de transporte do combustível é significativamente menor quando comparado ao gás e ao óleo das termelétricas e não necessita de armazenamento da energia produzida em baterias.

Contudo, mesmo visando os benefícios econômicos que as usinas nucleares podem trazer ao estado, ainda é questionável a necessidade de correr o risco de um incidente como o do Japão, que mobiliza o mundo inteiro por conta do risco de contaminação radioativa, podendo causar danos irreversíveis à saúde das pessoas.

Mercadante, na coletiva de ontem, indicou que o projeto das quatro novas usinas nucleares do Brasil está condicionado aos desdobramentos do acidente no Japão. Planejadas para entrar em operação até 2030, as usinas podem não sair do papel. “Se os protocolos evoluírem para restrições mais severas ou mesmo para a interrupção de operação das usinas, o Brasil estará associado às exigências”, afirmou o ministro.

Thayanne Magalhães

Reforma Política: o voto deve ser facultativo?

Dentre os temas a serem discutidos na Comissão de Reforma Política no Senado, está o voto facultativo, que hoje é para os analfabetos, maiores de 70 anos e menores de 18. A data marcada para esta pauta é o próximo dia 17 de março. O assunto é polêmico e divide a opinião pública.

A pessoa interessada em votar teria que se alistar. Caso contrário, não teria mais a obrigação de ir às urnas nas eleições.

O cronograma de trabalhos foi aprovado nesta terça-feira (1º) e a expectativa dos senadores que integram a comissão é concluir a proposta de reforma política até o dia 5 de abril.

Na opinião do cientista político, Alberto Saldanha, transformar o voto obrigatório em opcional vai ser uma tarefa difícil, tendo em vista que não exista um consenso entre os integrantes da comissão. “O próprio presidente do Senado, Sarney, vive dizendo que vai ser difícil, que não existe um consenso e certamente não vai ser aprovada. Toda vez o Congresso quer fazer a reforma política, mas sempre acaba do mesmo jeito que está”, disse Saldanha em entrevista ao Primeira Edição.

“Se a sociedade não se envolver, apresentar um projeto, debater, a discussão vai ser o que sempre foi. Eu não acredito que vá haver mudança substancial”, continuou.

Saldanha acredita que o voto deve continuar obrigatório. “Votar é o mínimo que o cidadão deve ser obrigado para participar da política. O voto decide quem vai conduzir o futuro do país e não se pode abrir mão de tomar essa decisão”.

O cientista político acredita também que, caso o voto se torne facultativo, só vai ajudar ainda mais a aumentar o poder dos políticos que possuem ‘currais eleitorais’. “A pessoa que não irá votar, certamente é a que tem um nível cultural maior, é mais bem informada. Quanto aos pobres, os que vendem seus votos, esses vão continuar indo às urnas votar em seus ‘coronéis’. Enfim, é um tema polêmico e acredito que deva ficar como está”.

As pessoas
A auxiliar administrativa, Andressa Araújo, de 21 anos, acha que o voto deva continuar sendo obrigatório. “Eu trabalhei para um candidato nas eleições passadas e percebi o quanto ainda falta consciência no brasileiro. Ouvi muito eleitor dizer que votaria em quem pagasse mais. É preciso não só obrigar a votar, para que haja o mínimo de participação política das pessoas, mas também conscientizar os mais humildes, insistir na educação”, opinou a jovem.

Para o estudante de Publicidade, Bruno Vital, de 25 anos, a obrigatoriedade ou não do voto não faria grande diferença. “O povo acaba votando se quiser, porque se deixar de ir às urnas no dia da eleição, é só pagar depois uma multa de três reais, eu acho, e fica perdoado”, disse.

“Caso o voto se torne facultativo, tornará o processo eleitoral mais democrático, porém, muitos que lutaram na Ditadura Militar pelas eleições diretas vão se sentir traídos”, acredita Bruno.

Resta esperar o dia da conclusão da proposta de reforma política e ver se existirão mudanças, ou se o cenário político brasileiro continua como está.

Thayanne Magalhães

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Confira entrevista com 'Galego do Veneno', figura folclórica de Alagoas

Conhecido nacionalmente como ‘Galego do Veneno’, Genésio Rodrigues dos Santos, de 65 anos, trabalha há mais de 52 vendendo produtos no Parque Rio Branco, área do Mercado da Produção, no Centro de Maceió. A figura folclórica já foi tema de reportagens em rede nacional e já se candidatou três vezes em eleições, concorrendo ao cargo de vereador da capital de Alagoas.

Esta repórter que vos escreve foi até a barraca do ‘Galego do Veneno’, onde ele comercializa seus produtos com a ajuda de um aparelho de som ligado em seu fusca verde, para saber como anda a vida desse divertido comerciante de venenos para matar ratos e insetos.

Confira a entrevista:

Primeira Edição: você sempre trabalhou nessa região do Mercado?
Gelego do Veneno: há mais de 52 anos que eu trabalho por aqui. Mas na linha do trem tem mais de 20. Montei minha barraca do lado do meu fusca e fiquei até hoje.

PE: quando foi candidato a vereador de Maceió, recebeu muitos votos?
GV: recebi nada! Nem a minha mulher votou em mim, porque eu disse que já estava eleito e ela foi e votou no meu compadre, com pena dele. Para falar a verdade, nem eu votei em mim, estava bêbado no dia e nem lembro o que estava fazendo na eleição.

PE: a sua renda com a venda de venenos dá para sobreviver?
GV: dá sim! É daqui que eu tiro o sustento da minha mulher e dos meus filhos. É tanta gente querendo comprar aqui que tem que fazer fila, fica um empurrando o outro. Vou ter que contratar um rapaz para me ajudar, porque não estou dando conta de tantos clientes!

PE: você tem quantos filhos?
GV: para falar a verdade eu tenho sete mulheres e tanto filho que tem um bocado que eu nem conheço [risos]. Eles descobrem que eu sou pai deles, vêm aqui, e quando descobrem que eu não tenho dinheiro para dar, vão embora com raiva de mim. Mas falando sério, sou casado com a mãe do meu derradeiro filho.

PE: você se acha famoso?
GV: Ah! Eu sou muito conhecido. Todo mundo me conhece como o homem que mais mata em Alagoas. Sou o matador! Mato rato, barata, escorpião, formiga preta, todas essas pragas que estão infestando a cidade.

O ‘Galego do Veneno’ chega sempre por volta das 8 horas no seu ponto de venda e é uma figura muito divertida. Quem precisa de veneno para matar as pragas em sua residência, aí está uma boa opção para acabar com o problema e ainda se divertir com as ‘resenhas’ do vendedor famoso!

Thayanne Magalhães

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Menores infratores: ‘o problema do mundo é falta de afeto’

O conceito de menor idade no Brasil entende que criança é todo ser humano menor de dezoito anos. Mas, a cada nova crueldade praticada por crianças e adolescentes, reacende a discussão sobre a redução da maioridade penal. Juristas, políticos e toda a sociedade anseiam o desejo de reduzi-la para dezesseis anos, o que não resolveria definitivamente o problema, tendo em vista que a população culpa o Estado, que por sua vez culpa a desestrutura familiar. Mas a impunidade tem tornado os menores infratores cada vez mais ousados, como nos casos registrados nos últimos dias em Alagoas.

Na semana passada, o menor I.S.S, de 17 anos, foi preso por estar envolvimento no tráfico de drogas do Estado. Esta semana ele foi reconhecido como o assassino de José Alexystaine Laurinho, de 16 anos, filho do jornalista Odilon Rios. E, no bairro do Santo Eduardo, em Maceió, o caso de uma criança de 12 anos tem chamado a atenção da sociedade. Na tarde desta terça-feira (8), o menor que já havia assaltado um mercadinho da região há alguns dias, atirou contra um jovem de 22 anos que resistiu a tentativa de roubo praticada pelo menino.

O que diz a Psicologia?
A psicóloga Denise Moreyra, especializada no tratamento de crianças, acredita que um menor que já está acostumado a roubar, usar drogas ou matar, aprendeu esta conduta no meio em que vive, tornando esse tipo de atitude algo normal na concepção dele. “A realidade dessa criança é em cima do que ela aprendeu. Ela não tem como entender que aquilo é errado, porque no meio que ela vive é algo constante, ‘normal’. O comportamento do pai, da mãe, dos amigos, o ambiente onde vive, as ruas, o fato de passar necessidade faz com que esse menor veja como único caminho roubar e matar. Essa criança não comete os delitos com sentimento de culpa, não é difícil para ela, porque este é o caminho para a sobrevivência. Nos valores dela, isso não é errado”, explicou a psicóloga.

Denise afirma que para a psicologia nada é impossível e um menor infrator pode sim mudar de conduta, contato que ele seja retirado do ambiente onde vive. “Uma criança que nasceu em um ambiente bom, e passa a conviver com infratores e comete crimes, é muito diferente de quem não teve estrutura familiar. É difícil recuperar esse menor que viveu num ambiente ruim, mas não é impossível. O primeiro passo é tirá-lo desse meio, porque não adianta dar aconselhamento psicológico e deixar que ela permaneça no mesmo lugar onde vive. Quem tem casa, pai, mãe é mais fácil se recuperar no próprio lar, mas o menor que volta para as ruas é muito mais complicado”, afirma.

“Uma criança órfão, que vive sozinha no mundo, tem um comportamento animal, só faz o que seu instinto manda, não pensa, não tem ego para refletir a parte psicológica, sobre o conceito de certo errado. O valor não existe para ela, e fica muito difícil trabalhar com uma pessoa nessas condições”, disse Denise.

A psicóloga colocou em questão algo que, para ela é fundamental para mudar a realidade desses menores. “O problema do mundo é falta de afeto. É preciso ter acesso à escola, família. Uma criança que mora em abrigo, por exemplo, e comete delitos na rua, não vai mudar só com cobranças. Pressão não adianta. Ela precisa de elogios, de estímulo. E, quanto à lei da maioridade, eu estou certa de que mesmo que diminua para dezesseis anos, não funcionaria. A criança é 25% seu pai, 25% a mãe e 50% a sociedade. O acesso às informações e a falta de tempo dos pais para dar atenção aos filhos, faz com que esses menores se formem a partir do que eles vêem no mundo. Volto a repetir, o ambiente onde a criança vive, é tudo”.

Visão da Justiça
Para a promotora da Infância e da Juventude da Capital, Alexandra Beurlen, baixar a maioridade penal não resolveria o problema dos crimes cometidos por crianças e adolescentes. “Se nós tivéssemos um sistema prisional que recupera, talvez mudasse a realidade. Mas nós sabemos que os presídios de Alagoas não recuperam, ao contrário, muitos saem pior do que entraram. As unidades de recuperação para menores não são perfeitas, mas são muito melhores que os presídios porque contam com escolas, cursos profissionalizantes, equipes multidisciplinares e, além disso, nós não permitimos a superlotação, como é visto no caos carcerário do Estado”, disse a promotora.

Alexandra acredita que a recuperação do menor depende muito mais da família do que do próprio sistema. Mesmo assim, segundo a promotora, a maioria dos menores que passam pelas unidades de recuperação não reincidem. “Nós sabemos que as estatísticas são maqueadas, tanto para menores infratores quando para os criminosos. Mas, a parte dos menores apreendidos pela polícia, cerca de cinco por dia, mostra que a maioria não reincide. Infelizmente, a realidade é que muitos deles morrem por conta do tráfico de drogas, nosso grande problema. Mesmo que o adolescente queira sair, o traficante não permite”.

Valores impostos pela sociedade
Uma colocação interessante da promotora nos permite refletir sobre os valores impostos pela sociedade atual, que valoriza muito mais o consumo do que o próprio caráter do ser humano. “A questão do crime não tem a ver com a idade e nem é exclusivamente social. Quando eu vim trabalhar em Maceió no ano de 2004, a maioria dos assaltos cometidos por adolescentes eram motivados pela fome. Hoje não tem a ver com necessidade. O menor quer ter roupa de marca, quer ir para a balada, impressionar a namorada. As pessoas são avaliadas pelo carro, pela roupa, sapato, celular. Os adolescentes estão numa fase de transição, de formação de personalidade e, hoje o fato de ter o mínimo de acesso à saúde, educação e alimentação não é o suficiente, porque nós adultos criamos essa cultura do ‘ter’. A própria mídia mostra na novela os vilões se dando bem, sempre em busca de jóias, dinheiro riqueza e nem sempre eles são castigados no final. É isso que estamos impondo nas mente das pessoas”.

Por conta dessa questão financeira, muitos pais só deixam para matricular seus filhos na escola na média dos seis anos de idade o que, segundo a promotora, faz esse menor se sentir excluído. “Nós adultos temos a consciência de que não vamos ter tudo o que queremos ter, sabemos tolerar a frustração. Mas uma criança e adolescente não sabe lidar com isso. Uma criança que entra na escola aos 6 anos, que viveu esse tempo todo na rua, sem regras, se virando sozinha porque os pais estavam trabalhando para colocar comida na mesa, , não vai saber se comportar como uma outra criança que está na escola desde os 2 anos. O professor precisa ser tolerante, mas o que acontece na maioria das vezes é a cobrança, e a criança se sente excluída por não se encaixar no perfil dos colegas. Com isso, ele volta para a sua realidade, onde os traficantes ganham dinheiro fácil. Eles entram nesse mundo e não podem mais sair, não com vida”, opinou Alexandra.

“A sociedade precisa mudar. Nós temos que mudar para que o menor também possa mudar. Se nem o planeta está aguentando esse consumismo, imagine as crianças”.

Thayanne Magalhães

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

União homossexual: direito ou abominação?

Muita gente ainda não sabe, mas os homossexuais de Alagoas já podem registrar sua união em cartório, desde que comprovem a convivência. A medida foi legalizada ano passado pela presidente do Tribunal de Justiça de Alagoas (TJ), desembargadora Elizabeth Carvalho.

Segundo o Grupo Gay de Alagoas (GGAL), por conta da desinformação, esta medida ainda encontra muita resistência.

O presidente do GGAL, Nildo Correia, explicou que o principal interesses dos homossexuais é garantir o reconhecimento dos direitos econômicos e sociais. “Muitas vezes as pessoas acabam perdendo tudo o que foi construído com o companheiro ou companheira porque a família vem e toma”, explicou.

Mesmo com o preconceito ainda muito forte, Nildo afirma que já existem muitos avanços que favorecem a união homoafetiva. “No ano passado a desembargadora apresentou a proposta e conseguiu aprovar no TJ. Trata-se de uma resolução aonde os cartórios são obrigados a fazer o contrato de união estável. Ainda não é uma cerimônia de união e nem usamos o termo casamento, é um contrato”, afirmou Nildo.

“A resolução é um avanço para nós. A lei ainda não foi aprovada e ainda passamos por muitas dificuldades mas, através dessa medida aprovada em Alagoas, a Previdência Social já reconhece a nossa união, alguns planos de saúde já aceitam o companheiro ou companheira como dependente. Através da nossa luta estamos avançando na busca dos nossos direitos”, concluiu.

Opinião das pessoas
O coordenador administrativo, Gleydston Guedes, de 22 anos, disse que não conhecia a medida e acha que os homossexuais têm seus direitos. “Acho certo que eles tenham direito a compartilhar seus bens, mesmo não podendo oficializar a união. Seria injusto a sociedade não reconhecer”, opinou o jovem.

Mesmo sendo a favor do reconhecimento da união estável entre homossexuais, Gleydston não descarta a possibilidade dessas relações ainda chocarem a sociedade. “Mesmo que você diga que não tem preconceito, de alguma forma você se choca quando vê dois homens ou duas mulheres se beijando. Da mesma forma eu me choco quando vejo alguém com uma tatuagem no rosto, mas nada que me ofenda, só foge do que concebo como normal”, afirmou.

“É um tema complicado de se discutir”, concluiu.

A gestora de RH, Kelly Born, de 27 anos, disse que é a favor da medida, já que o artigo 226, que define regras para o casamento, em nenhum momento trata de uma exclusividade para sexos opostos. “Todos nós temos os mesmo direitos e deveres, e o tema ‘casamento gay’ não se trata de ser contra ou a favor, se trata de direitos humanos. Os homossexuais têm relacionamentos idênticos aos dos heterossexuais e continuarão tendo, queira a sociedade aceitar ou não”, disse Kelly.

“Eu acho que só haverá justiça quando todos nós formos aceitos e apoiados independentemente de raça, classe social, cultura e sexualidade”, concluiu a gestora de RH.

A Igreja
O pastor da Igreja Presbiteriana, Pedro Cabral, fez uma colocação sobre o assunto usando a Bíblia como fonte. “Numa cosmovisão cristã, a homossexualidade é abominação contra Deus e, portanto, a união homossexual é biblicamente condenada”, afirmou.

O ministro extraordinário da Comunhão Eucarística da Igreja Católica, José Monte Neto, disse que esse tipo de união vai de encontro ao que está escrito na Bíblia. “Desde que a Justiça não queira obrigar a igreja a celebrar o casamento deles, eles podem oficializar a união no cartório civil. Mas, diante da Igreja isso não tem validade nenhuma”, disse o religioso.

Segundo Neto, o livro da Sabedoria, capítulo 14, versículo 25 e 26, trata do assunto. “Essa passagem diz o seguinte: tudo está numa confusão completa, sangue, homicídio, furto, fraude, corrupção, deslealdade, revolta, perjúrio, perseguição dos bons, esquecimento dos benefícios, contaminação das almas, perversão do sexo [enfatizou], instabilidade das uniões, adultério e impudicícias”, afirmou Neto, com a Bíblia em mãos.

“O que está acontecendo nos dias autuais é um fenômeno em que as pessoas querem que a palavra de Deus se adeque às suas vidas e não obedecer o que nos manda a palavra de Deus. Querem inverter as coisas. Enquanto o mundo era regido, guiado pela Bíblia, ainda existia respeito pelos pais e pelo próximo. Se a gente olhar no século passado, vai ver que há 50 anos atrás a homossexualidade era um absurdo, e ainda é. As pessoas estão vivendo como se não existisse Deus, estão desacreditadas”, opinou.

Para Neto, as pessoas estão pecando – pecados graves segundo ele – e sabem que estão desmerecendo a Bíblia. “A palavra é a mesma ontem, hoje e sempre. Não mudou e nunca mudará”, enfatizou o religioso.

“Quero concluir esta entrevista citando uma passagem de Levítico, capítulo 18, versículo 22. Ela diz que ‘não se deitarás com o homem como se fosse mulher: isso é uma abominação”.

Thayanne Magalhães

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Comissão da Verdade quer punir crimes da Ditadura Militar

O Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral de Alagoas (MCCE) sugeriu que seja criada a Comissão Nacional da Verdade e irão mobilizar os parlamentares do Estado para que a Casa seja favorável ao projeto. O objetivo da Comissão é investigar as violações aos direitos humanos ocorridas entre 1946 e 1988, época da Ditadura Militar no Brasil, e punir os responsáveis pelas torturas e assassinados ocorridos na época da repressão.

Em entrevista ao Primeira Edição, o coordenador estadual do MCCE, disse que irá pedir aos congressistas alagoanos que votem favorável no congresso para que se apure e se identifique os torturadores e assassinos da época do Regime Militar. “Vamos entrar em contato com os parlamentares e mostrar a importância dessa comissão. Também somos a favor de uma grande campanha midiática para que a comissão seja aprovada”, afirmou Argolo.

Na opinião de Adriano, a redemocratização no País está incompleta. “Existe uma ferida aberta. Queremos a aprovação dessa comissão assim como conseguimos a aprovação da Lei da Ficha Limpa em 2010. Graças a nossa atuação a lei foi aprovada a nível nacional. A Comissão da Verdade já está sendo bem aceita pelos coordenadores dos movimentos Contra a Corrupção Eleitoral nacionais e vamos nos mobilizar por mais essa aprovação”, disse.

Anistia
“A Lei da Anistia foi criada por torturadores e assassinos para se auto absorverem. Nesse intuito, essa lei não tem legitimidade nenhuma. Ela foi posta ‘goela abaixo’ dos brasileiros na época do Regime Militar. Temos que definitivamente desaparelhar os requintes da ditadura”, disse Adriano.

O coordenador do MCCE estadual afirmou ainda que existem órgãos que ainda têm em seu comando pessoas que praticaram crimes da época da Ditadura Militar. “Temos delegados envolvidos em assassinatos e em torturas, muitos nomeados na época da Ditadura, sem nenhum concurso público”, conta.

“No poder judiciário ainda existem muitos requintes da Ditadura. Uma arrogância muito grande. Existem juizes federais, alguns nomeados desembargadores, em plena função desde a época da Ditadura”, afirmou Argolo.

“Fazer justiça”
Para o MCCE, o Brasil só será um país respeitado internacionalmente quando desaparelhar as instituições com pessoas oriundas do Regime Militar. “O Brasil já foi condenado pela Comissão Interamericana dos Direitos Humanos por conta da Lei da Anistia, que não tem nenhuma eficácia jurídica. Nenhum país que queira se inserir no cenário internacional com respeito pode ter uma lei que absorva torturadores e assassinos”, enfatizou Adriano Argolo.

“Nosso país deveria seguir o exemplo do Chile, da Argentina e agora do Uruguai. Nesses, coronéis, capitães, generais, bispos, padres envolvidos em torturas e assassinatos da époda do Regime Militar estão presos, e é prisão perpétua”, conta.

“Deputados, jornalistas, estudantes foram mortos por conta de suas posições ideológicas. Os torturadores e assassinos nunca foram identificados, nem presos. Qual o intuito disso? Qual país do mundo pode ser um país descente passando um manto sobre esses fatos? Grandes nações da humanidade tiveram períodos de autoritarismo, mas todos eles fizeram a sua Comissão da Verdade e colocaram assassinos e torturadores na cadeia”, afirmou Adriano.
“A palavra certa é ‘fazer justiça’. Ela tem que ser alcançada, mesmo que se demore séculos”.

“Clãs políticos”
Adriano contou ainda que existem ‘clãs políticos’ no cenário nacional e que a sociedade irá conhecer as relações espúrias e íntimas dessas famílias com o Regime Militar. “Certos clãs da política nacional, como os Sarney e Maluf, que exercem poder e influencia no país, tem envolvimento com a Ditadura”, afirma.

“Vamos fazer um apelo e divulgar quem votou a favor e quem votou contra a Comissão da Verdade. Em seguida faremos comentários que irão mostrar as ligações prováveis de quem votou favorável com o Regime, o porquê do voto”, concluiu.
Resgate da história

Olga Miranda, formada em direito e jornalismo, é filha de Jayme Miranda, jornalista desaparecido desde a época do Regime Militar. Em entrevista ao Primeira Edição, ela diz acreditar que a Comissão ira resgatar a história e fazer justiça. “As pessoas que se sentem injustiçadas querem um retorno do Estado em relação ao que aconteceu naquele período. Isso significa a certeza da existência da justiça e trará a segurança de que esse tipo de crime não voltará a acontecer”, disse Olga.

“É um resgate da história. A gente quer saber o que foi que aconteceu, quem são essas pessoas que cometeram os crimes. Muitos desses criminosos ocupam cargos públicos, são juizes que julgam e definem vidas de forma tendenciosa”, opina.

“É preciso resgatar a história, ter certeza de que está sendo feita a justiça e, principalmente, é preciso fazer uma limpeza no sistema”, concluiu a filha de Jayme Miranda.

Comissão da Verdade
De acordo com o texto original do projetos os autores dos crimes da época do Regime não são especificados e, desse modo, podem ser investigados atos cometidos tanto por agentes do Estado, quanto os que têm como suspeitos os guerrilheiros de esquerda.
A função da comissão é promover o esclarecimento circunstanciado dos casos de torturas, mortes, desaparecimentos forçados, ocultação de cadáveres e sua autoria, ainda que ocorridos no exterior.

Mudança no texto original
Depois da pressão feita pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) ao Governo Federal, o texto original sofrerá alterações nos parágrafos referentes à legalização do aborto e proibição de símbolos religiosos em locais públicos.

Thayanne Magalhães

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

‘A saúde pública de Alagoas é um desastre'

Presidente do SINMED fala sobre a precariedade da saúde do Estado e a insatisfação dos médicos; população reclama

Os rumores de uma possível greve no Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) têm deixado a população, que já não conta com um socorro eficiente, ainda mais preocupada. Segundo o presidente do Sindicato dos Médicos, Wellington Galvão, 90% dos profissionais envolvidos na discursão são prestadores de serviço, e não concursados. “Estão todos insatisfeitos com o pagamento do Governo, o desejo é ‘cair fora’ mesmo, porque quem faz greve são concursados. De qualquer forma, o sindicato apóia os movimentos”, afirmou Galvão, em entrevista ao Primeira Edição.

Segundo o presidente, na próxima terça-feira (11) os médicos irão se reunir com o novo secretário estadual de Saúde, Alexandre Toledo, e levar as questões para que sejam feitos acordos entre os profissionais e o Estado. “A prestação de serviços, a falta de condições de trabalho, não só no Samu, mas no HGE, na Unidade do Agreste, tudo isso será levado ao secretário e esperamos que ele resolva essas questões, porque o último secretário foi um desastre”, disparou.

Reclamações dos médicos
Entre as principais queixas dos médicos do Samu, estão o fato de terem sido contratados para atuar em Maceió e cobrirem todo o Estado, a insalubridade que eles recebem é em cima do salário mínimo, e não do salário dos médicos, que, segundo a classe, é o menor do Norte e Nordeste do país, o contrato de 40 horas recebe bem menos que os de 20 a 24 horas dos outros Estados, só existem 2 a 4 médicos nos plantões, as vezes apenas um, enquanto o necessário seria no mínimo dez profissionais, só para Maceió, e outras.

A população
Um drama vivido por milhões de brasileiros também aflige a vida da aposentada Ivonete Bastos, de 62 anos. Seu filho mais velho é usuário de crack e a idosa se vê sem ter o que fazer, porque não tem condições de internar o homem em uma clínica particular e a saúde pública não tem tratamentos que obriguem o paciente a permanecer nos hospitais. “Teve um dia que ele pediu ajuda e chamamos o Samu. Esperamos mais de 4 horas, ligando insistentemente para que uma ambulância viesse buscá-lo e o levasse para um hospital psiquiátrico da cidade. Ele foi primeiro no Portugal Ramalho e disseram que não tinha vaga para o caso dele, aí o médico disse para ele ir no ‘Zé Lopes’, e lá o outro médico disse que ele sairia pior se ficasse internado, e mandou ele tomar uns remédios em casa mesmo”, conta.

“Se a pessoa toma a atitude de querer sair dessa e o Estado não dá condições, como é que vamos combater essa droga? Matando, como fazem os traficantes diariamente? E quando o meu filho não tiver mais o que levar de casa para trocar por uma pedra – ele já levou computador, liquidificador, roupas, calçados, celulares, muito dinheiro – o que vai acontecer?”, indaga a mãe aflita, relatando ainda que os remédios não surtiram efeito e o filho continua usando a droga diariamente.

Para Ivonete, o Samu não tem estrutura para atender a demanda de casos em Maceió e a saúde pública é ineficiente. “Não sei se os médicos têm razão em querer paralisar, afinal fizeram um juramento de salvar vidas. O que vejo é puro interesse, só pensam em dinheiro, são desumanos, muitos deles, principalmente no HGE, porque já estive lá e presenciei. A morte é algo que não mexe mais com o emocional desses profissionais, é comum, banal”, desabafa.

Em outubro do ano passado, a jovem Elizabeth Medeiros, de 18 anos, se viu muito aflita quando o avô teve um início de AVC – popular derrame – e o Samu demorou mais de 40 minutos para chegar. “Ficamos todos muito aflitos, meu avô estava muito mal e a ambulância não chegava. Mas, no final ficou tudo bem, o médico fez um bom atendimento”, conta a back office.

Elizabeth acredita que existem bons profissionais da saúde pública, mas o que falta mesmo é estrutura para um bom trabalho. “Acho que se tivessem mais ambulâncias o atendimento não teria demorado tanto. A minha reclamação é com a demora no atendimento, mas o médico foi muito bom a salvou meu avô”, disse.

Há muito tempo que a mídia tem mostrado a triste situação de quem precisa da saúde pública do Estado. Apontar culpados é o que se tem feito, mas nenhuma solução definitiva foi tomada e a população mais humilde, que precisa desse serviço, paga seus impostos para ter o direito a ser bem atendida, é a que mais sofre com a falta de estrutura, falta de profissionais capacitados e principalmente humanizados. Não se tem condições de trabalho para os médicos e nem vida digna para os doentes que não tem opção, a não ser depender dos hospitais públicos.

Thayanne Magalhães (Foto: paciente no chão da recepção do HGE; médicos e enfermeiros ignoram)

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Essa é a Vibe!


Quero só compartilhar um pouco do que vivi no último fim de semana, no reveillon! Uma sensação de estar onde sempre quis... de ter encontrado o lugar que só existia em meus pensamentos e sonhos. É sim, sério. Nada de estress, nem ônibus, nem filas... A natureza, a comida gostosa, a gentileza das pessoas que vivem naquela vibe... naquela energia positiva. O contato com a natureza, com Deus. Lençóis, Chapada Diamantina... vou voltar sempre e sempre lá. Não fico de vez porque preciso trabalhar para conhecer mais lugares... Mas tenho pra mim que um dia vou pra ficar. ^^ Muito bom! Essa é a vibe! Que fique em mim... que cada vez que eu lembre e olhe as fotos... que volte a sensação de que a vida é fácil de viver... o mundo é simples se eu quiser... só existe energia boa dentro de mim. O mundo é todo meu... e eu quero mais do que sentar na frente de um computador e passar meus dias trabalhando por dinheiro! Eu não quero rotina.. quero trilhas, banho de cachoeira, cheiro de mato, gosto de fruta, mergulho em rio cristalino, almoço na montanha... banho de mar, surf, andar a cavalo... essa é a vibe!

Thayanne Magalhães