segunda-feira, 1 de setembro de 2014

Servidores de escola estadual denunciam sobrecarga de trabalho

De acordo com servidores da Escola Estadual Rotary, falta professor, merendeira e até serviços gerais

Os servidores da Escola Estadual Rotary estão sobrecarregados.  De acordo com Marcílio Tavares, que há dois anos atua como vigia na instituição de ensino, os funcionários precisam acumular funções porque o Estado não faz as contratações necessárias para dar conta da demanda da escola.

“Eu passei no concurso para vigia, mas trabalho como porteiro, recolho o lixo e corto a grama.  Falta pessoal para os serviços gerais, agente administrativo e no serviços diversos só tem uma servidora que vai se aposentar”, denuncia.

A escola, que fica localizada na Avenida Durval de Góes Monteiro, no bairro do Tabuleiro, em Maceió, também tem carência de merendeiras e até professores, segundo afirmam os funcionários.

“De manhã só tem uma merendeira para atender mais de 450 alunos. Ela acaba não seguindo o cardápio recomendado pela nutricionista porque não dá para fazer tudo sozinha. As crianças acabam comendo só biscoitos e achocolatado”, afirma o vigia.

Marcílio afirma que de dois anos para cá a situação só tem piorado.

“Esse ano a escola já foi arrombada duas vezes. Aqui tem vigia trabalhando a noite, mas desarmado não adianta. O muro é baixo e os criminosos veem a facilidade de invadir e entram para roubar. Já levaram os computadores da sala de administração duas vezes”.

O vigia afirma que já foi solicitado ao Estado a contratação de vigilância armada.

Informações desencontradas

Segundo Marcílio Tavares, na 14ª Coordenadoria Regional de Educação (Crea), responsável pela área do Tabuleiro, consta que o quadro de funcionários da Escola Estadual Rotary está completo.
“Tem servidor que se afasta por indicação médica, por exemplo, e consta no Crea que estão trabalhando normalmente. O Estado precisa enviar mais servidores para esta essa escola e precisamos também de pessoal de apoio para quando alguém precisar se ausentar.

Alessandro Rodriguez trabalha como vigia pela manhã, mas na tarde de ontem (29) estava dando apoio aos colegas de trabalho.



“Até para cortar a grama nós tiramos do dinheiro arrecadado da escola com outdoors. Basta olhar o quintal da escola, a quadra de esportes para perceber que a Rotary está abandonada. As crianças ficam expostas a cobras, ratos, mosquitos. O terreno cheio de mato fica do lado da sala de aula e nós nos preocupamos. Fazemos o trabalho que é obrigação do Estado”, relata.

“Os alunos praticam esportes debaixo de sol e se chover não tem a aula de educação física. Precisa, além de mais funcionários, melhorar a estrutura da escola”, concluiu Alessandro.

Ano letivo é prejudicado por falta de professores

A mãe de uma aluna que preferiu não se identificar, denunciou ao blog que o segundo semestre começou sem professor de Matemática para uma turma do 6º Ano da escola.

“Minha filha está sendo prejudicada. Como é que ela vai concluir o ano sem ter professor de Matemática?”, reclama a mãe.

A diretora-adjunta da escola, Severina Alves dos Santos, diz que os problemas não são novidade.

“O ano passado inteiro ficamos sem professor de Arte. Decidimos então  realizar um curso de férias e os professores que já tinham concluído o ano em outras escolas, vieram dar as aulas para os nossos alunos concluírem a disciplina em quinze dias. Mas com Matemática fica mais complicado. Não dá para aprender tudo nesse mesmo período”, explicou.

Severina confirma a falta de professor de Matemática e afirma já ter acionada a Secretaria de Estado da Educação (SEE) exigindo providências.

“O Estado sabe da nossa situação mas não nos dar prazos para a resolução dos problemas. Nossos alunos acabam tendo dificuldade de aprendizagem por conta de tantos problemas, sem saber quando terão professor para dar aula”, reclama.

Outra dificuldade passada pela escola é a falta de interprete de línguas.

“Temos cerca de 100 alunos especiais e não contamos com nenhum interprete. O Estado diz que até dezembro deve fazer concurso, mas até lá contamos apenas com auxiliar de sala. Não temos nem uma sala de recursos para trabalhar com essas crianças e adolescentes deficientes”.


O blog tentou contato com a assessoria de comunicação da SEE falar sobre as denúncias, mas ninguém atendeu o telefone. 

Fotos: Sandro Lima